quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Informativo 19 out 2011


Meu marido não quer mais fazer sexo

Crescemos acreditando que os homens estão sempre prontos para o sexo, mas o que pensar quando são eles que não querem?

Por Ricardo Donisete

Dor de cabeça. A velha desculpa usada pelas mulheres para evitar o sexo indesejado já virou piada. Estranho mesmo é quando eles usam a enxaqueca ou qualquer outro motivo para fugir da relação sexual. Recentemente, na França, um homem foi condenado a pagar a sua mulher uma indenização de 10 mil euros (o equivalente a R$ 23 mil) por não manter relações sexuais com ela durante anos.

Polêmicas a parte, para o psicólogo Oswaldo Martins Rodrigues Junior, diretor do Instituto Paulista de Sexualidade (Inpasex), tendemos a acreditar que os homens estão sempre prontos para o sexo, e isso é cultural. “As mulheres estranham quando eles não desejam sexo”, diz.

Médico especializado em sexualidade humana e diretor do Instituto Brasileiro para Saúde Sexual (Ibrasexo), Alfredo Donis Romero conta que a negativa para o sexo por parte do homem fatalmente dispara um pensamento aparentemente óbvio na cabeça de suas parceiras: “ele tem outra”. Mas nem sempre as suspeitas de traição têm fundamento. Romero diz que em pelo menos em 70% dos casos o problema pode ser de ordem psicológica ou refletir questões de saúde. “Os genitais não respondem de modo direto às ordens mentais, mas atuam por meio do sistema nervoso autônomo e, com isso, são extremamente suscetíveis às emoções", aponta Rodrigues Junior.

“Alguns homens começam a não ter mais aquela performance sexual que tinham antes, então eles ficam envergonhados e começam a evitar o sexo, mas não dizem claramente que não estão tendo uma boa ereção”, alerta o especialista. Homens com ejaculação precoce, por exemplo, começam a evitar o sexo porque sabem que a mulher vai ficar irritada por ele chegar ao clímax rápido demais.

Doenças como diabetes e arteriosclerose podem atrapalhar a ereção. Drogas, álcool, cigarro e alguns medicamentos também atuam como sabotadores do desempenho sexual. Em casos de enfermidades como essas, o melhor a fazer é procurar a ajuda de um médico especializado no assunto. Outros fatores como rotina, estresse e falta de novidade na cama também podem desencadear desinteresse sexual. Afinal, não só as mulheres têm esses conflitos internos.

Dividir problemas e encontrar soluções
Partir para acusações sobre uma possível traição é desaconselhável e, muitas vezes, injusto. Romero sugere uma possibilidade de abordagem suave e assertiva, de forma que o parceiro não fique acuado. “Eu estou percebendo que está aumentando o tempo entre as nossas relações”, exemplifica o médico, indicando um bom começo de conversa. “Quando a mulher toma essa atitude, ela passa a ser uma aliada fundamental do homem, e ele dela. Seja o problema de ordem biológica, genital ou anatômica”, analisa Romero.
Dividir os problemas com alguém pode torná-los menos pesados. “Tem que conversar de forma franca e aberta”, recomenda Romero. “Casal que não conversa é casal que se separa, é casamento que acaba”, sentencia.
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Depois da descoberta do Viagra, o que ainda falta para eles?

O urologista americano Arthur Burnett faz um balanço dos 13 anos da pílula azul e fala sobre os novos desafios da medicina

Por Júlia Reis

Enquanto as mulheres enfrentam dificuldades para sentir desejo ou atingir o orgasmo, o problema sexual que mais aflige os homens é a disfunção erétil. No caso deles a solução está, em parte, dentro de um comprimido: o Viagra. O remédio completa 13 anos de mercado ao lado de outras pílulas que também prometem potência na cama. Mas a sexualidade masculina pode ser mais complexa do que se imagina, diz o urologista americano Arthur Burnett, do hospital Johns Hopkins. Ele afirma que os homens também colecionam causas psicológicas para a dificuldade de desempenho e que é preciso compreender o homem moderno além de prescrever receitas.

Em entrevista ao iG, Burnett fala sobre sexualidade e reflete a respeito dos medicamentos para ereção como uma questão mais ampla, que envolve as duas partes do casal. O profissional comenta ainda a dificuldade em tratar a falta de libido nas mulheres – o que elas farão com homens tão potentes?

iG: O Viagra está há mais de uma década no mercado. Fazendo um balanço, qual a grande contribuição do remédio para a sexualidade dos casais e qual o próximo passo que podemos esperar?
Arthur Burnett:
O grande fenômeno foi poder tratar de forma efetiva o problema de disfunção com um remédio via oral. Há 20 anos não pensávamos nisso: eram tratamentos com ervas que não sabíamos se funcionavam ou cirurgias e próteses. Avançamos nos estudos para entender a ereção e, nesse caminho, outros aspetos ganharam mais atenção. Mas não curamos o problema da ereção de maneira sustentável, ainda falamos de um remédio que você tem que tomar regularmente para funcionar.

iG: Existem causas orgânicas que dificultam a ereção de um homem. Mas, assim como ocorre com as mulheres, outros fatores os perturbam psicologicamente e alteram o desempenho na cama?
Arthur Burnett:
Estamos acostumados a separar as causas físicas das emocionais. Listamos condições médicas, como diabetes e problemas de coração, e colocamos ao lado as questões emocionais, como a ansiedade de performance e crises na relação amorosa. Mas a ereção é uma resposta complexa do corpo e tem ainda a interação do cérebro. Em muitos homens o problema está na mistura dos fatores, é complexo.

iG: Então podemos dizer que a sexualidade masculina é complexa como a feminina, e não baseada só no pênis como diz o senso comum?
Arthur Burnett:
No senso comum usamos a imagem do computador para explicar como consertar a disfunção sexual em cada gênero: a do homem é resumida em um botão e a da mulher em muitos botões complicados... Mas a verdade está no meio do caminho. Os problemas masculinos têm outras variáveis como ansiedade e orientação sexual. Alguns pacientes querem a prescrição do remédio para conseguir a ereção e também desejam tratar essas questões, então eu os encaminho para psicoterapeutas.

Devemos mudar nossa forma de pensar. Não dá para dizer ao paciente ‘olha, você já tem uma ereção, já tem o Viagra, pode ir embora do consultório’. Achamos uma solução que responde bem, mas temos que reconhecer outras complexidades do homem moderno. Além disso, as pessoas podem responder melhor ao remédio se melhorarem o estilo de vida.

iG: Pensando na realidade dos casais, o Viagra melhorou muito a situação para os homens. Mas como o remédio mudou o sexo para as mulheres? Agora elas têm parceiros que podem estar sempre potentes, mas isso não garante que estejam satisfeitas sexualmente.
Arthur Burnett:
Tivemos que reconhecer que a atividade sexual trata de duas pessoas funcionando juntas, e isso chamou a atenção para a questão feminina também. Hoje temos mais compreensão que a sexualidade é uma questão do casal. E uma falta de lubrificação da mulher, por exemplo, mostra que o problema está na dinâmica dos dois.

iG: O Viagra deve ter estimulado homens com problemas de ereção a procurar ajuda médica. Mas mesmo assim será que eles ainda demoram muito para assumir que o problema está em si? Primeiro culpam o casamento, a rotina, o estresse...
Arthur Burnett:
Sim. Com o remédio existe uma forma de lidar com o problema de forma efetiva. Antes o médico não gostava nem de entrar na discussão porque não tinha uma resposta para a condição do paciente. Agora ele tem. Mas é muito possível que homens ainda demorem a assumir. Eles são teimosos e tendem a culpar o entorno, é parte da natureza masculina.

iG: Homens ainda têm vergonha de contar para a parceira que tomam remédio para garantir a ereção?
Arthur Burnett:
Sim, muitos tomam escondido. É difícil para eles. Por outro lado alguns querem tomar para se exibir, baseados no mito que ficarão por horas com uma ereção. Nem sempre é o casal que vem ao consultório.

iG: Há alguns anos é estudada uma versão feminina do Viagra, mas nada foi aprovado. Porque as soluções para as mulheres são mais difíceis?
Arthur Burnett:
Ainda temos um longo caminho até desenvolver uma solução que funcione do mesmo jeito para as mulheres. Nelas o problema dominante é na libido e isso envolve hormônios e outros aspectos. Elas podem até ter mais lubrificação com remédio, mas isso não resolve a libido. Urologistas e ginecologistas nem querem tratar de assuntos da sexualidade feminina porque não têm muito que oferecer. Esse é o desafio.
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Fonte: http://delas.ig.com.br/amoresexo
 

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