quinta-feira, 22 de março de 2012

PRESIDENTE VENCEDORA DO NOBEL DA PAZ DEFENDE LEI QUE PUNE GAYS


PRESIDENTE VENCEDORA DO NOBEL DA PAZ DEFENDE LEI QUE PUNE GAYS
Ellen Johnson Sirleaf, presidente da Libéria, defendeu uma lei que criminaliza atos homossexuais em seu país
A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, uma das vencedoras do Prêmio Nobel da Paz de 2011, defendeu uma lei que criminaliza atos homossexuais em seu país, dizendo que "nós gostamos de nós mesmos do jeito que somos". Sirleaf concedeu uma entrevista ao jornal The Guardian com o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, que lidera uma fundação de ajuda a países africanos.

A legislação liberiana pune a "sodomia voluntária" com até um ano de prisão, mas dois novos projetos de lei que têm os homossexuais como alvo permitiriam sentenças muito mais duras. "Nós temos certos valores tradicionais em nossa sociedade que nós gostaríamos de preservar", afirmou Ellen Johnson Sirleaf. Tony Blair, que visita a Libéria como fundador da Africa Governance Initiative (Iniciativa Governança da África, em tradução livre), se recusou a comentar as afirmações da presidente.

Quando questionado se bons governos andam lado a lado com os direitos humanos, o ex-primeiro-ministro britânico disse: "eu não vou responder sobre isso". "Uma das vantagens de fazer o que eu faço hoje é que eu posso escolher os assuntos nos quais eu me envolvo e os assuntos nos quais eu não me envolvo. Para nós, as prioridades estão em energia, estradas, oferta de empregos", afirmou Blair.

Durante os 10 anos nos quais atuou como primeiro-ministro do Reino Unido, de 1997 a 2007, Tony Blair lutou pela igualdade jurídica dos gays, pressionando leis sobre união civil, levantando a proibição de homossexuais nas forças armadas e reduzindo a idade para consentimento de gays para 16 anos. Católico convertido, ele pediu que o Papa repensasse suas visões "entrincheiradas" e oferecesse direitos iguais para gays e lésbicas. Mas os direitos dos homossexuais, ele disse, não eram algo que ele estava preparado para discutir como conselheiro de líderes africanos.

Não há registros recentes na Libéria de condenações pela lei da "sodomia voluntária", segundo relatório do departamento de Direitos Humanos do governo dos Estados Unidos. Entretanto, ativistas antigays propuseram duas novas leis que levariam o combate aos homossexuais muito mais longe. Uma delas mudaria o código penal para tornar uma pessoa culpada de crime de segundo grau se ela "seduzisse, encorajasse ou promovesse outra pessoa do mesmo sexo a se envolver em atos sexuais", ou "propositalmente se envolvesse em atos que levassem ou tendessem a levar outra pessoa do mesmo sexo a ter relações sexuais". A pena prevista é de até cinco anos.

O segundo projeto de lei - elaborado por Jewel Howard Taylor, ex-mulher do ex-presidente liberiano Charles Taylor - tornaria o casamento gay um crime com pena de até 10 anos de prisão. Jewel Howard Taylor disse ao The Guardian que "(a homossexualidade) é uma ofensa criminal, é não-africano". "É um problema em nossa sociedade. Nós consideramos que um comportamento sexual desviante é um comportamento criminoso", afirmou ela. "Nós estamos apenas tentando reforçar nossas leis locais. Não é uma tentativa de banir os homossexuais", disse Jewel Howard Taylor.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5672924-EI17615,00-Presidente+vencedora+do+Nobel+da+Paz+defende+lei+que+pune+gays.html  acessado em 19.03.2012.



segunda-feira, 19 de março de 2012

Informativo 19 março 2012


Como não perder o controle
A ciência revela o que se deve fazer para aumentar a força de vontade e a capacidade de autocontrole diante das tentações

por Cilene Pereira e Mônica Tarantino 

Uma simples recordação de nossa vida cotidiana dá a dimensão do tamanho da batalha para mantermos nossas metas e vencer as tentações. Como conservar a perseverança e acordar mais cedo todos os dias para arranjar tempo para o exercício, se o cansaço paralisa? De que maneira encontrar forças para dizer não ao doce tentador que aparece na hora da sobremesa ou para ficar longe do shopping – e salvar o cartão de crédito – quando o dia foi pesado e a alma implora por um presentinho? É possível recusar o encontro com a colega atraente do escritório ao se pensar que a namorada pode vir a saber e isso virar um grande problema? Em um mundo no qual as compensações por um dia a dia massacrante podem ser abundantes, fica mesmo difícil resistir a elas. O resultado é conhecido: uma sociedade cada vez mais obesa e dependente de remédios que aplaquem a ansiedade e a depressão. Em busca de saídas eficazes para essa encruzilhada, a ciência começa a voltar seu olhar para dois fatores decisivos nessa questão: autocontrole e força de vontade. O primeiro é basicamente o poder de impedir a manifestação de comportamentos prejudiciais e de encontrar métodos que nos levem a alcançar os objetivos. O segundo é o que nos faz persistir e ir adiante na decisão de resistir por um bem maior. Mas o que é preciso fazer para tornar esses dois atributos algo disponível e durável nas nossas vidas?

As respostas que estão emergindo da comunidade científica desvendam um panorama fascinante. Indicam que essas duas habilidades têm raízes na história da evolução humana, na genética, no ambiente – enfim, são componentes da personalidade de cada um muito mais complexos e sujeitos a influências do que se imaginava. Não é simplesmente uma questão de ter ou não força de vontade e autocontrole. Há mais peças nesse jogo. A primeira conclusão importante a esse respeito vem das pesquisas sobre o comportamento do cérebro quando exposto a situações nas quais é obrigado a colocar em ação o poder de autocontrole. Nessas circunstâncias, o que ocorre é uma batalha entre os centros responsáveis pelo processamento dos desejos e do impulso – localizados no sistema límbico – e os que colocam em prática a razão, abrigados no córtex pré-frontal. Um lado pressiona pela recompensa. O outro, pela ponderação sobre a oportunidade e os benefícios reais que o prêmio trará.

Vista assim, essa disputa pode parecer apenas mais uma tarefa do cérebro, entre os milhares que realiza. Porém, ela simboliza um ponto-chave da nossa evolução. As áreas relacionadas aos desejos, ao prazer, foram as primeiras a se desenvolver, até porque se tratava de uma questão de sobrevivência. Nos primórdios da nossa história, comer, dormir, fazer sexo, conquistar um terreno só seu eram fundamentais para viver mais e aumentar a prole – e o cérebro acabou encontrando um caminho para tornar isso tudo um grande prazer.

Até aí, não somos diferentes dos outros animais. O que nos distingue, nesse aspecto, é que ao longo de milhões de anos desenvolvemos um sistema, o do córtex pré-frontal, capaz de segurar o impulso de realizar essas vontades quando elas mais prejudicam do que ajudam. 
“Alguns animais podem apresentar mecanismos bem rudimentares de autocontrole, mas é na espécie humana que o cérebro atingiu um grau de evolução que permite refrear os impulsos de satisfação imediata em função de uma gratificação futura”, afirma o psicólogo Marco Callegaro, mestre em neurociência e comportamento pela Universidade Federal de Santa Catarina. “O fundamento de nossa sociedade está nessa capacidade, pois a civilização depende basicamente de autocontrole. A habilidade de simular cenários de futuro e de escolher os mais desejáveis, de melhor custo/benefício, nos deu condições de fazer planos e de suportar adversidades e frustrações para poder chegar a uma meta distante”, diz.

O grande problema é que até hoje dificilmente resistimos a todas as tentações, além do fato de uns cederem mais aos desejos do que outros. Investigações sobre o que ocorre no cérebro dos mais resistentes e no dos mais autocomplacentes dão parte da resposta de por que isso acontece. Um trabalho importantíssimo nesse tema realizado na California Institute of Techonolgy (EUA) revelou que, nas pessoas menos vulneráveis às tentações, uma área do córtex pré-frontal, a dorsolateral, é mais ativa. Boa parte das considerações profundas sobre os benefícios da ação a ser tomada é feita nessa região.

A informação promissora é que, segundo os cientistas, é possível estimular o funcionamento dessa espécie de bastião cerebral do bom-senso. Uma das maneiras é lembrar aos indivíduos os aspectos realmente positivos da decisão no momento em que ele está pensando se deve ou não se entregar a um desejo. Essa estratégia vale tanto para a hora de decidir entre o brigadeiro e a fruta (é necessário lembrar-se, insistentemente, do valor nutricional de um e de outro) quanto para a hora de ceder à tentação da mulher bonita à sua frente (vale mesmo a pena ir ao encontro sabendo que isso pode acarretar vários problemas futuros com a namorada, por exemplo?).

Na esfera da personalidade, há dados interessantes que ajudam a identificar os elementos que compõem o autocontrole e a força de vontade de cada um. Pesquisa da Kellogg School of Management (EUA) revelou que, em geral, as pessoas acreditam ter mais força de vontade do que na verdade possuem. Pior: aqueles que se consideram muito perseverantes são os primeiros a fraquejar. “Os indivíduos não são muito bons em avaliar o poder de seus desejos”, escreveu Loran Nordgren, autora do trabalho. “E os mais confiantes são os mais vulneráveis”, complementou.

Além disso, os que tendem a ceder mais normalmente atribuem uma importância maior aos objetos da cobiça, segundo pesquisa das universidades americanas de Pittsburgh e do Texas. Em vez de entender o desejo como algo que pode esperar, um luxo, o encaram como uma necessidade. É o clássico “eu preciso”, que pode ser empregado tanto para a bolsa da vitrine, quando o armário está cheio de outras opções, quanto para o carro novo, quando o que se tem resolve perfeitamente a vida. Desses estudos, tira-se a lição de que conhecer nossos limites e as estratégias mentais que montamos para nos satisfazer a qualquer custo é um passo importante para segurar impulsos.

É preciso ficar atento ainda a outras armadilhas. Quando se está sob estresse, a tendência é deixar o impulso tomar conta. Uma revisão de estudos realizada na University of Southern California (EUA) deixa isso claro. “O estresse parece fazer com que as pessoas olhem apenas para o prazer que determinado ato proporcionará”, explicou Mara Mather, coordenadora da pesquisa. Sob tensão, busca-se desesperadamente apenas um conforto. E isso, obviamente, prejudica a capacidade de levar em consideração os resultados negativos da escolha. “A compulsão para ter uma recompensa fica mais forte e os indivíduos se tornam menos aptos a resistir”, disse a pesquisadora.

Fazer escolhas depois de ter se esforçado muito para manter o autocontrole em situações anteriores também é ruim. Se no mesmo dia a pessoa teve de superar a preguiça para ir fazer exercícios físicos logo cedo e depois foi obrigada a deixar o cansaço de lado para terminar o relatório no trabalho, ficará mais difícil ainda dizer não para o cigarro ou a bebida no fim da tarde. “Quando o autocontrole não foi muito requisitado, é mais fácil focar nas repercussões negativas do desejo”, escreveram os autores de um estudo a esse respeito feito na Hong Kong University e na Northwestern University. “Mas, se foi exigido demais, passamos a considerar apenas aspectos como a facilidade para obter a recompensa”, disseram.

A partir dessa constatação, pode-se comparar força de vontade e autocontrole a um músculo. Se for exigido demais, dá sinais de fadiga. Por outro lado, se bem condicionado, garante um corpo sadio. E é exatamente esse o pensamento que prevalece hoje entre os cientistas. “É possível treinar tanto a força de vontade quanto o autocontrole”, disse à ISTOÉ Roy Baumeister, da Florida State University e um dos principais pesquisadores da área. “E qualquer tipo de exercício que quebre rotinas pode fortalecê-los.” O cientista sugere coisas como usar a mão contrária à habitual para escrever, escovar os dentes ou beber algo. “A essência do autocontrole é se sobrepor a uma resposta já esperada.”

Um ingrediente imprescindível na receita que começa a ser montada para nos ajudar a resistir às tentações é exercitar a capacidade de esperar pela recompensa ou de trocá-la por outra, menos prejudicial. Esquecer o benefício imediato e olhar para o futuro, tentando enxergar o que essa ação trará de resultado dias, semanas, meses, anos depois. “É preciso criar uma forte conexão com o futuro”, disse à ISTOÉ Hal Hershfield, da New York University’s Stern School of Business. “Assim é mais fácil avaliar como os atos de hoje afetarão o amanhã.”

Na prática, porém, a maioria dos indivíduos não faz esse exercício. “Pergunte a uma pessoa onde ela quer estar daqui a cinco anos. Poucos têm ideia”, afirma o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. Por isso, essa é uma das perguntas-chave a se fazer para despertar a força de vontade. “Questione-se sobre o que realmente você quer da vida e de que jeito quer viver. Se a resposta não for muito clara, pergunte-se também o que faz mal a você”, ensina. “E tente descobrir como aliviar essa carga.”

O cardiologista Marcel Coloma, membro da Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro, aplica a técnica de projetar o futuro para ajudar seus pacientes a deixar o cigarro. “Mostro a eles os ganhos a curto e a longo prazo. E os parabenizo a cada sucesso atingido”, diz. A nutricionista Elaine de Pádua, do Rio de Janeiro, também usa o elogio para incentivar as conquistas de seus pacientes. “Muitas mulheres chegam ao consultório com baixa autoestima. Seu resgate as estimula a seguir a meta de emagrecer.”

Colocar-se objetivos atingíveis e prever gratificações de fato positivas assim que forem alcançados é outra estratégia eficaz para fortalecer o “músculo” da força de vontade e do autocontrole. “Quando há luz no fim do túnel, as coisas ficam mais fáceis de ser alcançadas”, diz a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da Isma-Br, entidade voltada à pesquisa e prevenção do estresse. Tão importante quanto isso é acreditar nesses objetivos – parar de fumar, de comer demais, de ceder aos impulsos pelo sexo, por exemplo. “A força de vontade surge quando a pessoa se convence, sem sombra de dúvida, de que seu desejo é sua vontade real”, diz o endocrinologista Tércio Rocha, do Rio de Janeiro.

Outra ajuda importante é fugir de ambientes nos quais as tentações estejam perigosamente disponíveis. “No caso de quem deseja parar de fumar, por exemplo, a pessoa pode se ajudar eliminando situações que funcionam como gatilho, como o cafezinho”, orienta a psicóloga Ana Rossi. “Enfim, modificando hábitos e comportamentos”, ensina.

Na tarefa de aumentar a vontade e o autocontrole, um recurso profissional interessante é a terapia cognitivo-comportamental, um ramo da psicologia que busca modificar padrões de pensamentos e comportamentos prejudiciais. “Ela promove de forma mais estruturada a autopercepção e o autoconhecimento, bem como o controle de impulsos”, explica a psicóloga Andréia Calçada, do Rio de Janeiro.

Da Universidade de Miami (EUA), onde trabalha como professor, o brasileiro Juliano Laran dá ainda outra recomendação vital para fazer crescer o autocontrole: a diversão. Ele chegou a essa conclusão após realizar um experimento no qual observou que os indivíduos com maior capacidade de se controlar encaravam as situações nas quais eram obrigados a se conter mais como uma oportunidade de diversão do que de chateação. “As pessoas tendem a acreditar que exercer o autocontrole é algo que dá trabalho”, explicou à ISTOÉ. “O problema é que, se interpretamos dessa forma, depois que terminamos de usá-lo queremos nos divertir”, disse. Ou seja, a busca por uma recompensa pelo esforço permanece. Porém, quando se inverte o pensamento, essa necessidade deixa de existir. “A diversão muda a percepção do esforço que estamos fazendo e não sentimos mais como se depois devêssemos relaxar e nos divertir, comendo e bebendo demais, por exemplo.”

Quanto mais gente adotar essas lições, melhor. Isso porque, de acordo com uma pesquisa realizada na University of Georgia (EUA), o autocontrole é contagioso. “Observar outras pessoas conseguindo manter o controle, a força de vontade, a motivação, faz o indivíduo querer fazer o mesmo”, disse à ISTOÉ Michelle vanDellen, autora do estudo, o primeiro do gênero, publicado na revista científica “Personality and Social Psychology Bulletin”. O fenômeno ocorre basicamente porque as pessoas tendem a imitar o comportamento de quem está ao redor. “Pensar em alguém que tem autocontrole para se exercitar todos os dias pode fazer você ficar mais comprometido com suas metas financeiras.”


quinta-feira, 8 de março de 2012

Lei da Palmada


Muito se questiona sobre a lei da palmada. Aqui está uma das razões de sua existência. Educar não é simples nem fácil. Não há manual. 
Mas, bater não educa. 



Pai vai parar na delegacia por agredir filho em banheiro de escola

Lucas Tolentino

Um homem foi detido pela polícia por volta de 9h20 desta quinta-feira (8/3), por agredir o filho de três anos nas dependências de um colégio particular na 602 Sul. Um policial militar que viu as agressões e encaminhou o homem à delegacia.

Segundo agentes da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), o pai foi deixar o filho no colégio, mas a criança não queria ficar. O homem então puxou o garoto a força e bateu nele, pessoas que estavam em volta e viram a cena, pediram para que ele parasse.

Nervoso, o homem entrou na escola e levou o filho para o banheiro, imagens de câmaras internas do colégio registraram o momento. Lá dentro, o pai tirou o cinto da calça e voltou a bater no menino que ficou com hematomas no braço. O tenente coronel da Polícia Militar do DF, Antônio Carlos que também deixava o filho viu as agressões e pediu para que o homem parasse. Ele se recusou, alegando que o filho era dele e que trataria do jeito dele e levou o filho de volta para casa.

O militar então pegou na escola o endereço do agressor e junto a outros policias foi na residência do rapaz que fica no Sudoeste. No apartamento eles detiveram o pai. De acordo com a delegada da DPCA, Valéria Martirena, o homem terá de assinar um termo se comprometendo a comparecer à Justiça posteriormente, para responder por maus tratos à criança e ao adolescente. No momento ele foi ouvido e depois liberado.

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br

Lei da Palmada corre o risco de não ser aprovada no Congresso

O polêmico projeto de lei que proíbe os pais de castigarem fisicamente os filhos corre o risco de não ser aprovado pelo Congresso Nacional. Depois da concordância, em caráter terminativo, da comissão especial criada para analisá-lo, o projeto deveria ter sido encaminhado ao Senado, mas está parado na Mesa Diretora da Câmara. O texto aguarda a votação de seis recursos para que seja votado também no plenário da Casa.

Os deputados que apresentaram os recursos querem que a matéria seja discutida no plenário da Câmara antes de seguir para o Senado. Esses parlamentares esperam que a proposta seja rejeitada, quando a maioria dos deputados tiver acesso ao texto. Na comissão especial, apenas um grupo pequeno de parlamentares teve a oportunidade de apreciar e votar a proposta - que foi aprovada por unanimidade.

Para um dos deputados que apresentou recurso, Sandes Júnior (PP-GO), a matéria é complexa e merece ser debatida por mais tempo com um número maior de parlamentares. 
"Trata-se de matéria polêmica, objeto de acaloradas discussões na referida comissão especial, porém sem a necessária visibilidade e amadurecimento que a importância do assunto exige", justificou no recurso.

Declaradamente contrário ao projeto, o deputado Augusto Coutinho (DEM-PE) também apresentou recurso para que o texto seja discutido no plenário da Câmara. Para ele, as relações familiares não podem ser ditadas pelo Estado. "É indubitável que devam existir mecanismos para proteger a criança e o adolescente da violência, seja essa doméstica ou não. Contudo, não pode ser concedida ao Estado a prerrogativa de ingerência desmedida nos lares brasileiros", defendeu o deputado.

O projeto, de autoria do Poder Executivo, altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para estabelecer que "a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados pelos pais, pelos integrantes da família, pelos responsáveis ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar, tratar, educar ou vigiar, sem o uso de castigo corporal ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação, ou qualquer outro pretexto". O texto determina ainda que é considerado castigo corporal qualquer forma de uso da força física para punir ou disciplinar causando dor ou lesão à criança.

A proposta, que ficou conhecida como Lei da Palmada, também estabelece que os pais que cometerem o delito deverão passar por acompanhamento psicológico ou psiquiátrico e receberem uma advertência. Eles, no entanto, não estão sujeitos à prisão, multa ou perda da guarda dos filhos. Os médicos, professores ou funcionários públicos que souberem de casos de agressões e não os denunciarem ficam sujeitos à multa que pode chegar a 20 salários mínimos.

Fonte: http://noticias.terra.com.br

domingo, 4 de março de 2012

Informativo 04 março 12


Eu e você, você e eu

Para eles, filhos definitivamente não estão nos planos. Casais bem-resolvidos que abdicaram à prole contam como chegaram a essa decisão - e revelam o preconceito de que são alvo 

Por Maria Júlia Lledó

Lá se vão três décadas desde que a escritora feminista e historiadora Elizabeth Badinter colocou contra a parede a certeza de que toda mulher deseja ser mãe. Em L’amor en plus, que no Brasil ganhou o título de Um amor conquistado: o mito do amor materno (Ed. Nova Fronteira), a pesquisadora mostrou dados históricos que balançaram a relação mãe e filho. A maternidade seria uma construção social e não um desejo natural. O livro é considerado um desaforo por conservadores que acreditam ser o instinto materno algo inquestionável. Mesmo assim, a discussão não cessou. Pelo contrário, a voz da autora francesa se juntou a de outras mulheres que reavaliaram a maternidade como uma dádiva. A partir da década de 1990, mais brasileiros têm repensando o combo casamento + filhos. Não só por uma questão financeira, uma vez que os gastos com apenas um filho pode corresponder a 40% do orçamento familiar, segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos, mas simplesmente porque a vinda do primogênito não está nos planos. As razões são diversas e apontam para um caminho ainda visto com certo preconceito.

Piscina gelada
A metáfora do servidor público Hugo Garcia, 28 anos, ilustra uma situação pela qual nem ele nem a mulher, a servidora Patrícia Luque, 37, gostariam de passar. “Ter filhos é como pular em uma piscina gelada. Quando se mergulha nela, tenta-se convencer os outros de fora a entrar dizendo: “Como está gostoso aqui”, brinca Hugo. Mas o casal não entrou nessa “fria”. Casados há cinco anos, não precisaram quebrar a cabeça quanto a ter ou não uma criança em casa. “No começo, falamos sobre isso. Foi um ponto em comum. Eu nunca quis, nunca me vi grávida, e ele também não queria ser pai.”

A ideia de que a liberdade do casal ficaria por um fio por causa de um bebê é o que mais dá certeza aos dois de que felicidade é permanecer a sós. “Observamos que o assunto do casal que tem filhos é só o filho. Todas as questões da casa são por conta dele. É ele quem dita para onde você vai. Você não pode viajar para qualquer lugar e em qualquer época do ano por causa da dinâmica do filho. É essa responsabilidade que não anima a gente”, justifica Hugo.

Acordar a hora que quiser, não se preocupar se a geladeira está cheia ou não — eis alguns dos motivos triviais que desestimulam Hugo e Patrícia a dar esse passo. Mas quando perguntam ao casal se a opção por não ter filhos passa pela questão financeira, eles afirmam em uníssono: “Não”. “Esse nunca foi um argumento nosso. Até porque crescemos sem muito luxo, da forma que deu. Hoje temos condição financeira de ter filho, ainda que agora esteja um pouco mais apertado porque abrimos uma nova empresa. Por isso, essa nunca foi uma justificativa preponderante”, conta Hugo.

O educador financeiro Reinaldo Domingos também descarta a “desculpa” da condição financeira quando escuta jovens casais dizerem não ter filhos porque falta dinheiro. “Assim, como ter filhos é uma opção, também é uma opção se preparar e ter reservas financeiras mensais, e isso se faz por meio da educação financeira. Por isso, não se pode tomar a decisão de ter filhos sem antes saber que é demandado, no mínimo, 30% do ganho líquido mensal para proporcionar uma vida saudável e financeiramente sustentável. Acredite, se fizer uma boa faxina financeira em tudo que se consome em casa, certamente encontrará de 20% a 30% de excesso em tudo. Se houver disciplina e perseverança, é possível ter filhos”, constata Domingos.

Salário versus filho: 2 X 0
No Brasil, o grupo dos sem-filhos ganhou uma abreviação, dinc, que quer dizer “duplo ingresso, sem crianças”. Trata-se de uma adaptação da expressão em inglês dink, “double income, no kids”. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD), em 1996, a família dinc representava apenas 2,7% do total de domicílios, passando para 3,7% em 2006. Um crescimento de quase 90% em uma década. O número de brasileiros que optaram por não ter filhos saltou, portanto, de um milhão para 1,9 milhão no período.
 
Essa fatia da população pode ser ainda maior, indica a Síntese de Indicadores Sociais 2010 (dados de 2009). Dos 62,3 milhões de arranjos familiares no Brasil, 15,2% são de casais sem filhos e sem parentes. Em Santa Catarina, esse percentual chega a 19,9% (maior), enquanto no Amapá é de apenas 9,7% (menor). Em Brasília, a porcentagem chega a 12,6%. Os dados, porém, não são conclusivos, uma vez que não discernem entre arranjos familiares de casais sem filhos e casais cujos filhos já saíram de casa. Um retrato mais apurado da realidade só quando o próximo Censo for divulgado.
 
Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acreditam estar diante de um fenômeno social. Além da família que predominou historicamente — pai, mãe e filhos —, outras formações como a dinc merecem atenção. Segundo a pesquisa A família dinc no Brasil — algumas características sociodemográficas, publicada pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas em 2010, os casais sem filhos colocam em xeque os pilares da instituição familiar pois não há continuidade geracional.
 
Esse seria, segundo a pesquisa, reflexo de uma sociedade pós-industrial e pós-moderna. Quer dizer, fatores como a inserção da mulher no mercado de trabalho, a criação de métodos anticonceptivos e o reconhecimento de diferentes tipos de união geram mudanças na família e, por isso, pedem reflexões.

A sós e em grupo
São vários os grupos de discussão em redes sociais cujo objetivo é legitimar a escolha dos casais dinc. A rede passou a abrigá-los e um dos casos mais populares é o clube No kidding, fundado pelo professor canadense Jerry Steinberg, casado e sem filhos. Ele também derruba a teoria de que “pessoas que não querem ter filhos odeiam crianças”. Pelo contrário, Jerry adora os pequenos, mas não em tempo integral. Em 1984, esse canadense teve a ideia de montar um clube para casais na mesma situação. Tudo começou quando ele passou a sentir falta dos amigos, que se distanciaram após a chegada dos primogênitos. Atualmente, o clube tem mais de 40 filiais espalhadas em quatro países. São aceitos como membros aqueles que não querem ter filhos, os que não podem tê-los e os que estão indecisos. Depois de quase 30 anos, Jerry não está mais à frente da agremiação. Ele se aposentou, mas se orgulha da continuidade do projeto. Ainda hoje, quando o professor canadense escuta que não ter filhos é escolha de gente egoísta, rebate: “É. Mas as pessoas têm filhos por razões bastante egoístas: por prazer, para cuidar delas na velhice, para ter alguém para amar e amá-las de volta, para viver coisas que não puderam viver quando eram crianças, para exercer poder sobre alguém, para dar continuidade ao nome da família. O que é mais egoísta que fazer um mini-eu?” (Confira: www.nokidding.net)

Juntos na velhice
Décadas antes desse cenário se ampliar pelo país, a arquiteta Maria do Carmo Araujorge, 62 anos, e o administrador Márcio Borsoi, 59, casados há 30 anos, já tinham decidido que maternidade e paternidade não estavam nos planos. A decisão foi natural. Primeiro, o namoro, que durou nove anos. Em seguida, o casamento. Depois, a mudança do Rio de Janeiro para Brasília. O tempo foi passando e o casal não demonstrava o desejo de ter filhos. “Não conhecemos tantos amigos que tenham feito a mesma escolha. Também não temos arrependimentos”, conta Márcio. Maria do Carmo lembra que a família dele fez cobranças sutis. Perguntavam quando viria o primeiro filho. “Se quiséssemos mesmo ter filhos, teríamos. Não havia um impedimento real, mas a gente não tem que viver nos moldes. Eu e ele nos completamos”, defende.

Com uma agenda cheia de encontros com amigos, o casal descarta a ideia de que ter filhos é garantia de companhia na velhice. Eles percebem por experiência própria. No caso de Márcio, seus pais já faleceram, mas a mãe de Maria do Carmo mora em Niterói e recebe a visita da filha única somente em algumas datas especiais. Por causa da distância entre ela e a mãe, a arquiteta se deu conta de que ter filho não significa assistência 24 horas. “Viajamos de férias juntos e, quando ela está doente, vou para Niterói. Só que, contabilizando, passo apenas algumas semanas do ano com minha mãe. Isso também poderia acontecer comigo. Não dá para saber se o filho vai morar perto de você ou na Nova Zelândia, por exemplo. Criam-se filhos para o mundo. Não dá para prendê-los”, constata Maria do Carmo.

Márcia Leite e Alexandre Lobo concordam. “Nos dizem isso quando estranham nossa decisão e afirmam que vamos envelhecer sozinhos, mas estamos tranquilos”, conta Márcia. No entanto, Fábio Anjos teme por essa etapa da vida sem uma prole ao redor. “Tenho um certo medo quanto ao futuro. Dizem que são os filhos que cuidam dos pais no fim da vida e isso não vamos ter. Portanto, cuidamos muito da nossa saúde e mantemos uma ótima relação com sobrinhos e irmãos”, reconhece Fábio. Já a mulher de Fábio, Eline, não vê problemas. “Tem asilo e casa de repouso para isso. Alguns dos idosos têm filhos. E onde eles estão?”, questiona.
Guardar economias para que a velhice não seja uma etapa difícil já é um projeto de Patrícia Luque e Hugo Garcia. Nada de se preocupar se fulano ou sicrano da família vão cuidar deles. “Não queremos ser um fardo para ninguém”, diz Hugo. Cientes de que escolheram uma estilo de vida bem diferente dos pais, eles sabem que terão que tomar iniciativas pouco convencionais no futuro. “Viajamos há pouco para a Califórnia (EUA) e vimos um asilo muito bonito por lá. Ou seja, se tivermos que nos preocupar com o futuro, vamos poupar algum dinheiro para usufruir da velhice em grande estilo”, brinca Hugo.

Seja qual for a escolha do casal, a psicóloga Carolina Freitas aconselha que ela seja bem pensada e analisada. Prós e contras na mesa. “Ser pai e/ou mãe é uma experiência que pode ser escolhida. Existem várias experiências durante nossa vida pelas quais não passaremos por opção ou por não acontecer. A felicidade está ligada ao sentir-se bem, ter feito boas escolhas para sua vivência”, lembra.

Da mesma forma, a escritora gaúcha Martha Medeiros, mãe de duas filhas, aconselha as amigas a refletir muito sobre o tema. Questionada sobre o que achava dessa opção, escreveu a crônica Maternidade ou não, publicada no livro Coisas da vida (Ed. L&PM Pocket). “A gente nunca sabe como teria sido se… É por isso que, neste caso, compensa queimar bastante os neurônios antes de decidir. Não dá para pensar no assunto levando-se em conta apenas o momento que se está passando, mas o contexto geral de uma vida. Porque não ser mãe também é para sempre.”

Derrubando mitos
Especialistas nas áreas de psicologia, antropologia e educação financeira derrubam meias-verdades que falham ao definir o perfil desses casais que optaram por não ter filhos.


“Eles não gostam de criança”

Não querer ter filhos não tem relação direta com não gostar de crianças. Muitas mulheres e homens exercem o lado afetuoso e cuidadoso da paternidade e da maternidade com sobrinhos, filhos de amigos, crianças ao seu redor. O casal apenas não quer ter a responsabilidade de gerar e educar uma criança. Seja por falta de condições financeiras, seja por estilo de vida não compatível com filhos.
(Carolina Freitas, psicóloga)

“Toda mulher nasce com o instinto materno”
Podemos dizer que não existe amor materno como instintivo. O amor materno é relacional e, portanto, é construído na vida social. Por isso, um grande mito é aquele que diz que toda mulher deve ser mãe e que esse amor materno é natural quando, na verdade, a relação mãe e filho é construída, ou seja, há para ela a possibilidade da escolha da maternidade.
(Lia Zanotta Machado, professora do departamento de antropologia da UnB)

“Só é possível ser feliz quando se tem um filho” Ter um filho para se sentir pleno é delegar a outra pessoa — que ainda nem nasceu — uma grande responsabilidade. E se aquela mãe ou aquele pai não se sentem realizados depois do nascimento de seus filhos, a criança acaba carregando o peso dessa frustração. Se um filho estiver nos planos para compartilhar (e não para carregar) essa felicidade, ótimo. O importante é que homens e mulheres saibam que são livres para escolher outro caminho, e que também poderão encontrar a felicidade em uma vida sem filhos.
(Verena Kacinskis, psicóloga)

“Não ter filhos é contra as leis da natureza”
A mulher não é uma fêmea submetida apenas aos desígnios de sua espécie. A mulher é um ser dotado de uma história e imersa em um universo simbólico — isso a distingue e lhe permite fazer escolhas pessoais quando a sociedade oferece outros caminhos de realização, além do da maternidade.
(Luci Helena Baraldo Mansur, psicanalista)

“Casais que não querem filhos são egoístas”
Não querer engravidar pode ser sim uma decisão egoísta, mas o casal tem o direito de querer liberdade e não vivenciar as turbulências, boas e não tão boas, de se criar um filho. Engravidar também tem suas razões egoístas: ter filhos porque todo mundo tem, por vaidade, para dar continuidade ao nome da família, para ser cuidado na velhice, para amar e ser amado. Então, ter ou não ter filhos pode ter seu lado egoísta. Isso não é necessariamente ruim. É melhor optar por não ter filhos a tê-los e abandoná-los ou negligenciá-los das mais diversas formas.
(Carolina Freitas, psicóloga)

“Minha vida financeira vai à ruína se eu tiver filhos”
Para se ter filhos é preciso entender que esse investimento é por, no mínimo, 25 anos, sem contar os 9 meses de gestação. Em uma pesquisa, o Instituto DSOP de Educação Financeira apurou que um casal gasta em média 40% do orçamento total da casa tendo um filho. Isso corresponderia a uma média de R$ 20 mil por ano para uma criança. Portanto, se há a intenção de se ter filhos, o melhor é saber na ponta do lápis o que vai se investido. Exemplos: maternidade, berço, assistência médica, roupas, escolas, alimentação, presentes de aniversário, Dia das Crianças, páscoa, formatura, carro aos 18 anos e, em alguns casos, casamento. O encarecimento para ter um filho nos dias atuais se dá porque, hoje, as necessidades criadas em uma sociedade de consumo são maiores.
(Reinaldo Domingos, educador financeiro)

“Eles vão sentir solidão na velhice”
Ter filhos não é garantia de tê-los próximos na velhice. Não são todas as relações entre pais e filhos que prezam pelo amparo. Se ter filhos garantisse cuidados na velhice, não teríamos, como hoje, muitos idosos abandonados. As boas relações são o que garantem a não solidão na velhice.
(Carolina Freitas, psicóloga)

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