sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Informativo - 26 ago 2011


Ejaculação precoce atinge um em cada quatro homens

Um em cada quatro homens brasileiros vivencia a ejaculação precoce, quadro no qual o indivíduo ejacula rapidamente (entre 30 segundos e 1 minuto, em média), sem que seja possível estabelecer um controle voluntário. A EP, como é chamada, é responsável por 40% das queixas feitas nos consultórios de terapia sexual.



A maioria dos pacientes é formada por homens casados ou com parceira fixa, declara o médico Evandro Cunha, do Hospital Urológico de Brasília. “Usualmente, eles levam cerca de quatro anos após os primeiros sintomas para procurar um especialista”, diz.

“Os homens em geral demoram a procurar ajuda por várias razões. Alguns acham que a ejaculação rápida é sinal de virilidade, outros têm vergonha e existem aqueles que desconhecem como poderia ser de outra forma, pois não costumam conversar sobre isso com os amigos, até por receio de serem motivo de brincadeiras. E há também os que ‘culpam’ a parceira ou o estresse momentâneo”, pontua Liliana Seger, doutora em psicologia clínica e especializada em sexualidade. Muitos homens procuram ajuda somente quando a parceira indica uma insatisfação, diz Liliana.

Categorias
Sem possibilidade de prevenção, essa alteração sexual – que afeta de maneira drástica a vida sexual e consequentemente a autoestima do homem – divide-se em duas categorias: a de origem primária, que pode ocorrer desde a primeira relação sexual na adolescência e é característica do indivíduo, porém passível de tratamento; e a de origem secundária, que é uma disfunção que pode ocorrer após o início de uma vida sexual normal e que surge por algum motivo (trauma e estresse, por exemplo).

A secundária ainda pode ser dividida em outras duas formas: secundária situacional, ou seja, em algumas situações o indivíduo tem, em outras não – às vezes com uma parceira e não com outra, por exemplo – e a absoluta, que pode durar um longo período ou enquanto o problema físico ou emocional não for tratado.

Controle da ansiedade
Evandro Cunha esclarece que quadros de ansiedade e depressão também podem estar ligados à EP tanto de origem primária quanto secundária: “Caso o quadro se torne crônico, é essencial acompanhamento médico”. O tratamento em geral consiste na psicoterapia, podendo, de acordo com a resposta do paciente, ser complementada por medicamentos.

“Além disso, os tratamentos para EP incluem técnicas de terapia sexual de curta duração – em média 12 a 15 sessões – e exercícios para aprender a controlar a ejaculação e avaliar os aspectos geradores de ansiedade que estão presente nesses pacientes”, pontua Liliana, que lembra também que o problema não é complexo e nem excepcional.

“Homens que sofrem de EP não precisam ficar ainda mais ansiosos com esse tipo de diagnóstico: é algo que pode ocorrer com qualquer um, em qualquer momento da vida, tem tratamento e muitas vezes esse tratamento é rápido”, explica Liliana.

Fonte: http://oqueeutenho.com.br

domingo, 21 de agosto de 2011

Informativo - 21 ago 2011


Ejaculação Rápida
O inconveniente costuma causar constrangimento entre os homens e suas parceiras. Especialistas apontam a psicoterapia como melhor recurso para vencer esse mal. Mas, agora, um novo remédio também pode ajudar os 'apressadinhos'

por Adriano Catozzi

Cada vez mais as pílulas auxiliam na harmonia e na satisfação sexual do casal. Primeiro foi o anticoncepcional, que praticamente deflagrou uma revolução nos anos 60. Na década passada, Viagra e similares libertaram os homens do fantasma que mais os assustava: a disfunção erétil. Agora, uma novidade deve agradar tanto homens quanto mulheres e afinar de vez o ritmo na cama. A indústria farmacêutica pretende colocar no mercado ainda este ano uma pílula de ação muito rápida, explicitamente com o intuito de controlar a ejaculação precoce, atualmente denominada ejaculação rápida. Embora atue como antidepressivo, a droga não será chamada assim. "Os medicamentos dessa categoria precisam ser tomados durante algum tempo para começarem a fazer efeito. O novo remédio, por outro lado, é baseado na substância ativa Dapoxetina e, pelo que os estudos mostram, poderia ser ingerido três horas antes da relação, abolindo o uso contínuo", revela o urologista Sidney Glina, do Instituto H.Ellis, de São Paulo.
A descoberta provavelmente partiu da evidência de que os medicamentos contra os sintomas da depressão costumam ter como efeito colateral o retardo da ejaculação. Por isso, em certos casos, esse tipo de remédio já é indicado para controlar os apressadinhos.
Até hoje, não se chegou a uma conclusão do que pode ser considerada uma ejaculação rápida e, conseqüentemente, qual o percentual de homens (e suas companheiras) que padecem com ela. Os números variam, mas em todos os casos, impressionam negativamente.
O famoso Relatório Kinsey, editado pelo pesquisador Alfred Kinsey nos anos 40, apontou que 75% dos americanos ejaculavam em até dois minutos. Alguns anos depois, descobriu-se que 80% das mulheres precisavam de dois a oito minutos de penetração para obterem um orgasmo - isso quando conseguiam. O descompasso estava estabelecido. Na época, porém, o sexo era encarado como meio de reprodução e entendia-se como precoce o indivíduo que ejaculava antes da penetração.

Medidas polêmicas
Somente na década de 60, quando a relação sexual passou a ser vista como fonte de prazer para o casal, é que o assunto ganhou as atenções dos pesquisadores. Desde então, diversas maneiras foram tentadas a fim de se dimensionar o tempo ideal para ejacular.
Já se falou em nove minutos, em cinco minutos com 'movimentos vigorosos' entre outras coisas. A idéia que perdura até hoje, no entanto, foi estabelecida nos anos 70 pela médica norte-americana Helen Kaplan e não se baseia em tempo, mas sim em capacidade. Segundo ela, um homem não tem ejaculação precoce se consegue controlá-la voluntariamente. Cabem aí algumas ressalvas: controlar por quantos minutos? Vinte ou quarenta ? E aqueles cerca de 1% de indivíduos que demoram muito para conseguir ejacular? Estes também não têm controle e tampouco são precoces...
O urologista Sidney Glina esclarece que a existência de um problema precisa ser avaliada sob diversos aspectos e ter como base não apenas o que acontece com o lado masculino. "Um homem pode carregar a pecha de ser um ejaculador precoce quando, na verdade, é sua parceira que demora para chegar ao orgasmo", pondera.

Em busca de sintonia
Em meio às discussões científicas, o fato é que os homens continuam tentando driblar situações constrangedoras e encontrar algum modo de melhorar o relacionamento com suas companheiras. "Metade dos que me procuram se queixa de ejaculação precoce. Na década de 90 eram apenas 10%", revela o psicoterapeuta Oswaldo Rodrigues Jr. (SP), vice-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (Sbrash). Prova dessa nova preocupação masculina são os resultados do Estudo do Comportamento Sexual do Brasileiro (Ecos), realizado pelo Projeto Sexualidade (ProSex), do Hospital das Clínicas de São Paulo: três mil homens em sete estados apontaram reclamações de 15,8% nesse ponto.
A boa notícia é que quase totalidade delas têm origem emocional. Alguns casos podem até estar relacionados a um distúrbio neurológico, como a esclerose múltipla, mas são raros e envolvem outros sintomas. A associação do problema com doenças venéreas e inflamações nos nervos sacrais - feita no passado - também nunca foi devidamente comprovada. "A ansiedade costuma ser o fator determinante", acredita Sidney Glina, que tem 10% de sua clientela queixando-se do inconveniente. Já o psicoterapeuta Oswaldo Rodrigues Jr. discorda: "Muitos homens não são ansiosos enquanto ignoram ter o problema. Depois, entram em pânico e chegam aos consultórios aflitos. Daí a dedução nos últimos 50 anos de que todo ejaculador precoce é ansioso".
Ambos concordam, porém, que a psicoterapia tem se revelado como a alternativa mais eficaz de tratamento. As pesquisas apontam que de 85% a 98% dos homens que buscam os recursos cognitivos têm êxito e, analisados nos anos seguintes, continuam satisfeitos e seguros. Vale ressaltar que este tipo de intervenção tem mais efeito quando a parceira também colabora. "Durante a relação sexual, ela observa coisas sobre o parceiro que ele próprio nunca percebeu. Além disso, sessões de terapia de casais podem ajudar a resolver problemas sérios de relacionamento com os quais eles não conseguem lidar e que acabam interferindo na atuação na cama", conclui Rodrigues Jr.

Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br

domingo, 14 de agosto de 2011

Informativo - 14 ago 2011


Fale de sexo com eles

Adolescentes que conversam sobre o tema com os pais são mais responsáveis, iniciam a vida sexual mais tarde e têm menos parceiros ocasionais

Por Paula Rocha

Conversar com os filhos sobre sexo ainda é um tabu para muitos pais. Criados sob uma educação rígida, na qual a sexualidade não fazia parte do repertório familiar, os adultos de hoje encontram dificuldade para abordar o assunto com a prole adolescente. Muitos pensam que, ao falar sobre o tema, vão estimular os jovens a iniciar precocemente a vida sexual. Mas eles não poderiam estar mais errados. Pesquisa realizada pelo departamento de pediatria da Universidade de Montreal, no Canadá, confirmou que quanto mais os pais conversam com os filhos sobre sexo, menos eles são sexualmente ativos. O estudo ouviu 1.171 adolescentes entre 14 e 17 anos – 45% afirmaram que obtêm informações sobre sexo com os pais e 32% com os amigos. Entre aqueles que mantêm um diálogo aberto com os progenitores, 18% são sexualmente ativos. No grupo dos que não falam com os pais sobre sexo, o dobro (37%) já praticou algum ato sexual. A porcentagem de jovens que se relaciona com parceiros ocasionais também é maior entre os que não falam sobre sexo com os pais (41%) comparada com os que falam (29%).

Aqui no Brasil, o comportamento dos jovens segue a mesma tendência. No estudo Juventudes e Sexualidade, realizado pela Unesco em 13 capitais brasileiras e no Distrito Federal, mais de 40% dos adolescentes do País revelaram que obtêm informações sobre sexo com os pais. E dois terços dos quatro mil pais ouvidos na pesquisa confirmaram que já falaram sobre o assunto com seus filhos. Entre os temas discutidos estão a prevenção a doenças sexualmente transmissíveis, métodos para evitar a gravidez precoce e os aspectos biológicos do sexo. “Mas só isso não basta”, afirma a sexóloga Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (Prosex) da Universidade de São Paulo. “Tesão, atração e insegurança fazem parte do cotidiano dos jovens. Cabe aos pais mostrar que esses sentimentos são naturais e compartilhados por todos nós.”

A assessora de imprensa Shyrley Beruezzo, 39 anos, conhece a diferença entre falar de sexo como algo biológico ou como uma experiência envolta em emoções e expectativas. “Minha mãe era auxiliar de enfermagem e só tocava no assunto sob o prisma médico”, conta. Percebendo que essa abordagem não aplacava todas as suas dúvidas sobre sexo, Shyrley decidiu que adotaria uma postura diferente quando se tornasse mãe. Hoje, ela fala abertamente com a filha Gabriela e com a enteada Bruna, ambas com 15 anos. “No começo elas ficavam tímidas, mas aos poucos foram se abrindo. Se surge uma dúvida, já vêm me perguntar”, diz Shyrley. O diálogo tem rendido. As meninas afirmam não ter pressa para iniciar a vida sexual e não ligam para a opinião de amigos. “Só vai rolar quando eu conhecer a pessoa certa”, diz Gabriela. “Quero transar apenas quando sentir que estou preparada”, afirma Bruna.

Para Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan, em São Paulo, a postura e a opinião dos pais têm forte influência sobre a maneira como os filhos se relacionam sexualmente. “Construímos nossa personalidade imitando modelos. Se o adolescente tem uma boa relação com os pais, vai copiar seu comportamento, inclusive sexual. Se não tem, fará tudo ao contrário”, diz. Portanto, mostrar uma atitude natural perante o sexo ajuda a destruir mitos e a corrigir informações e conceitos errados, como explica o sexólogo Marcos Ribeiro. “O jovem mais informado, e de forma correta, saberá lidar melhor com sua sexualidade e, no futuro, poderá vivenciá-la sem culpa”, afirma. Isso é o que motiva o radialista David Rangel a manter um canal aberto com o filho, o ator David Lucas, 16 anos. “Sempre respondi às dúvidas do Lucas sobre sexo. Prefiro que ele aprenda em casa e não na rua”, diz Rangel. Essa cumplicidade fez com que o garoto estreitasse os laços de afetividade com a família. “Meu pai e minha mãe são meus melhores amigos. Às vezes conto até demais da minha vida para eles”, declara Lucas, entre risos.


Fonte: http://www.istoe.com.br

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Livro “O Conflito – A Mulher e a Mãe” (Editora Record)



Filósofa francesa critica o mito da mãe perfeita em novo livro
Em entrevista, Elisabeth Badinter rechaça o ideal da maternidade atual e diz que não há um modelo único de mãe para ser seguido
Renata Losso, especial para o iG São Paulo
Desde a década de 70 as mulheres vêm tentando conciliar a maternidade à realização pessoal, lutando por direitos e liberdades até então característicos do mundo masculino. Porém, para a escritora e filósofa francesa Elisabeth Badinter, o passar do tempo não foi capaz de quebrar o “mito do maternalismo”, conceito baseado na existência do “instinto materno”, que deixou às mulheres uma ordem aparentemente inquestionável: é natural que elas sejam mães, e elas devem ser mães infalíveis. Mas e os desejos, anseios e vontades destas mulheres, onde ficam?

Autora do livro “O Conflito – A Mulher e a Mãe” (Editora Record), lançado recentemente, Badinter contou ao Delas que, ao longo dos anos, as mulheres acrescentaram às próprias vidas mais do que somente os filhos. Com as possibilidades de escolhas, elas foram sobrecarregadas por todos os lados e cobradas a serem mais do que perfeitas no cumprimento dos deveres maternos. Este estado de coisas, segundo ela, é interessante para a permanência da dominação masculina e para obrigar as mulheres a continuarem se devotando por completo aos filhos. É contra isso que Badinter milita. Segundo ela, a mãe que dá mamadeira ao filho não é menos mãe que aquela que amamenta. "Acrescentamos uma tonelada de culpa nos ombros maternais", diz. Veja abaixo entrevista com a autora, concedida por e-mail.

iG: Como você vê a maternidade e a maneira que as mulheres lidam com ela atualmente? Aconteceram muitas mudanças nesta concepção desde a década de 70 até os dias de hoje?
Elisabeth Badinter:
Há 30 anos a vulgarização abusiva da psicanálise engendrou a ideia de que a felicidade, a inteligência e o desabrochar da criança – portanto, o equilíbrio dela no futuro – dependem essencialmente do comportamento da mãe. Deste então, os ecologistas e outros adoradores da natureza contribuíram para que essa crença realmente existisse: de que para ser uma boa mãe, por exemplo, preocupada com a saúde do filho, é necessário amamentá-lo 24 horas por dia. E, de preferência, se devotar inteiramente a ele durante um ou dois anos. O resultado: as mães que não querem se conformar com essas diretrizes são cada vez mais consideradas mães indignas, e suas amigas as olham com suspeita. Com o passar dos anos, de fato, acabamos acrescentando uma tonelada de culpa nos ombros maternais.

iG: Quais são as diferenças entre maternidade e paternidade atualmente? O pai moderno também colabora para cuidar do filho e dos afazeres domésticos hoje em dia ou ainda não chegamos a este ponto?
Elisabeth Badinter:
Durante os anos 70 e 80 as jovens mulheres chamavam massivamente seus companheiros para ajudar no cumprimento dos papéis de pais – e também de donos de casa – em nome da justiça e da igualdade dos sexos. Os homens de boa vontade, portanto, começaram a cumprir as tarefas que acreditávamos até então serem reservadas às mães: dar banho nas crianças, alimentá-las, levá-las para passear, trocar a roupa delas. Eles eram chamados, ironicamente, de “papais-galinhas”. Com isso, ao invés desta mudança ser encorajada, estes pais acabaram sendo alvo de gozação e os pediatras da moda explicavam às mulheres que eles não tinham que se comportar como mães. Atualmente, os pais das classes médias fazem ainda mais do que faziam seus avôs, mas a participação deles é totalmente insuficiente. Por falta de uma pressão social e ideológica sobre eles – não está mais na moda que isso aconteça – os pais se sentem menos culpados em deixar o essencial do trabalho e das responsabilidades à mãe, que proclama cada vez mais que este é o seu papel “natural”. Mas eu luto para que justamente este endeusamento da natureza maternal seja abandonado e que nós chamemos os pais outra vez para dividirem igualitariamente as tarefas e funções relacionadas aos filhos e à casa.
iG: Os casais que têm filhos atualmente costumam ter razões para tal ou simplesmente, na maioria das vezes, acabam seguindo as normas sem realmente pensar nas vantagens e desvantagens? Quais seriam estas principais razões?
Elisabeth Badinter:
Há diversas razões para se ter filhos, e a maioria das razões é egoísta. Tirando os que veem ter filhos como uma ordem de Deus, os outros fazem crianças para “concretizar” um sentimento amoroso, para não envelhecerem sozinhos, para receberem amor, para transmitirem suas histórias, por ser uma nova experiência que pode apimentar uma vida “sem graça”. Estranhamente, a maioria de nós é invadida por todo tipo de ilusões: só enxergamos a felicidade e o amor que uma criança pode nos trazer e esquecemos a soma de problemas e sacrifícios que a presença dela induz, e até mesmo o ódio pelos pais que ela poderá sentir e provar em determinados períodos. Entretanto, carregamos tanto o barco dos deveres maternais em alguns países – como Alemanha, Itália e Japão – e apagamos tanto o interesse pessoal da mulher que muitas delas fazem menos filhos, ou não fazem nenhum. Estas mulheres se recusam a sacrificar a vida de mulher para a maternidade e pensam que, assim, elas terão uma vida mais livre e aberta se comparada com a que as próprias mães tiveram.

iG: O que deveria ser feito para que as mulheres não abandonem a maternidade de vez?
Elisabeth Badinter:
Para que a maternidade continue uma prioridade, são necessárias várias condições: tirar a culpa das mulheres que querem uma profissão mesmo sendo a profissão “mãe” a primeira delas. Já é hora de lembrar que não somos mães indignas só porque colocamos nossos bebês nas mãos de mulheres desconhecidas durante o dia. O Estado deve ajudá-las a cuidar de seus filhos nas melhores condições: creches gratuitas e abertas 24 horas por dia para as mulheres mais carentes – que às vezes também trabalham durante a noite – e creches de qualidade para todas as mães, com horários que se adaptem ao delas. Também é necessário criticar o mito da mãe perfeita – que é uma completa utopia – e recusar a imposição do modelo único de “boa mãe”. Afinal, uma mãe que dá mamadeira ao filho é tão “boa mãe” quanto àquela que amamenta. Além disso, trocar os horários de trabalho nas empresas para que os pais possam “se dividir com as mães” se torna necessário.

iG: Você aponta, em “O Conflito – A Mulher e a Mãe”, que o declínio da fertilidade, a elevação da idade média da maternidade, o aumento das mulheres no mercado de trabalho e a diversificação dos modos de vida femininos mostram que ter filhos não é mais a maior das prioridades, mas continua sendo comum. Como a mulher atual tenta se equilibrar entre tantas requisições e vontades, como filhos e vida profissional, por exemplo? Existe um ideal de estilo de vida feminino atualmente?
Elisabeth Badinter:
Justamente isso me convence da diversidade dos desejos femininos e dos estilos de vida humanos – contrariando o caso das fêmeas do mundo animal – e por isso milito pela multiplicidade dos modelos maternais. Não, não há um único estilo de vida feminino e, se formos um pouco lúcidos, reconheceremos que há muitas mulheres que farão melhor se jamais forem mães.

iG: Como esta ideia do “instinto materno” colabora para encaramos a maternidade da forma como é vista atualmente e como este tipo de concepção pode impor às mães responsabilidades cada vez maiores em relação aos filhos? Você acredita que hoje a maternidade pede obrigações mais sérias do que antigamente? Por quê?
Elisabeth Badinter:
Sim, as obrigações maternais são cada vez mais pesadas. Uma razão é a ideologia do retorno à natureza que parece existir atualmente nos países industrializados. Um dos exemplos é o caso da mamadeira. Apesar de ser tão malvista atualmente, ela foi um extraordinário instrumento de libertação das mulheres. E podemos dizer o mesmo das fraldas descartáveis. Hoje querem nos persuadir, dizendo que as mulheres que as utilizam são “anticidadãs”. Usando a ecologia como pretexto, retornamos à concepção rousseauniana da maternidade, que diz que a maternidade é a origem do confinamento das mães dentro de casa, assim como o “das freiras no convento.
iG:Como é a boa mãe atual e como, em sua opinião, ela poderia viver uma vida saudável? Você acredita que o sentimento de culpa, muitas vezes recorrente na vida da mulher, também influencia muito em como a maternidade é atualmente? Como mudar isso?
Elisabeth Badinter:
Para todas aquelas que rejeitam essa concepção de “boa mãe”, inteiramente devotadas aos filhos, a culpabilidade nunca foi tão forte. Hoje é necessário muito mais tempo para educar duas crianças do que era necessário para educar seis crianças há cem anos. Você acredita mesmo que as crianças e adolescentes do século 21 são mais felizes que as de antigamente?

Fonte: http://delas.ig.com.br/