domingo, 25 de setembro de 2011

Informativo - 25 Set 2011


Vencendo tabus: falta de desejo sexual pode estar relacionada a fatores sociais

por Cristiana Veronez 


A falta de desejo sexual nas mulheres é um problema mais comum do que se imagina. Amaury Mendes Júnior, ginecologista, sexólogo, secretário-geral da Sociedade Brasileira de Sexologia, professor e médico da UFRJ, explicou ao SRZD como funciona o desejo sexual da mulher.

De acordo com ele, possuímos duas especificidades diferentes de desejo. A primeira é o "desejo reflexo", que é a resposta ao estímulo de toque e pensamento. "A mulher vê uma cena ou sente um toque, por exemplo, e o sistema nervoso autônomo dela faz com que fique lubrificada. Isso não quer dizer, necessariamente, que ela está com vontade de transar", explica. A segunda especificidade é o "estímulo subjetivo", correspondente às ponderações que fazemos antes de decidir ou não por uma transa. "Será que vale a pena? Estou sendo usada?". As mulheres costumam pesar os prós e contras de se relacionar sexualmente com alguém.

A herança de uma tradição baseada na beatificação e dessexualização da mulher fez com que, muitas vezes, o sentimento de culpa bloqueasse a sua libido. A educação que teve em casa e as experiências que viveu ao longo da vida podem influenciar em sua sexualidade. De acordo com Amaury, "essas ponderações são incutidas na cabeça da menina desde cedo. É uma questão social". O homem, por sua vez, decide transar a partir do desejo reflexo. Ou seja, "para ele o que interessa é, principalmente, chegar ao gozo. A mulher transa, porque quer, e não pelo gozo", explica.

Assim, a partir do momento em que a mulher se incomoda com a falta de desejo sexual, "é preciso estudar o histórico sexual dela desde pequena. Quando era menina, ela se tocava? Ia ao ginecologista? Tinha interesse pelo próprio corpo? Explorava-se na frente do espelho? Coibia-se? Tinha medo?", conta. Encontrar estas respostas pode ser decisivo para entender a origem da falta de desejo.

Conversa é tudo!

Além do mais, conversar com o parceiro é essencial. Para Amaury, "sexo é o reflexo final de um relacionamento. É resultado de todo o seu comportamento e sua saúde. Existe um preconceito muito grande, uma ideia de que existem coisas proibidas. Sexo na cama é uma brincadeira de adultos. É preciso haver liberdade dentro de uma permissividade. Muitos casais não criam liberdade, não ousam, existe falta de conversa. A gente precisa estar sempre inovando, tentando uma coisa aqui, outra ali, para se descobrir, e descobrir o que o casal gosta de fazer junto". Ele explica que a masturbação na frente do companheiro, por exemplo, é tabu para muita gente. A mulher pegar na mão do homem e mostrar para ele onde ela sente mais prazer, nem se fala!

Fingir sentir prazer com o namorado ou esquivar-se de manter relações sexuais com ele é como privá-lo da realidade e até mesmo rejeitar o seu apoio. Portanto, uma conversa sincera e aberta pode, com toda a certeza, abrir portas para a resolução de qualquer problema.

A diminuição da libido pode estar associada a muitos outros fatores, como a idade avançada, desequilíbrios hormonais, infecção e depressão. É importante estar atenta a todos estes aspectos. Sexo bom é sinal de bom-humor, saúde e satisfação.

Fonte: http://www.sidneyrezende.com/

Para saber mais:
DSM-IV tr (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed. texto revisado)
302.71 Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo

Critérios Diagnóstico
A. Deficiência (ou ausência) persistente ou recorrente de fantasias ou desejo de ter atividade sexual. O julgamento de deficiência ou ausência é feito pelo clínico, levando em consideração fatores que afetam o funcionamento sexual, tais como idade e contexto de vida do indivíduo.
B. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
C. A disfunção sexual não é mais bem explicada por outro transtorno do Eixo I (exceto por outra Disfunção Sexual) nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Informativo - 19 set 2011

Uma vida sem sexo

O americano David Jay tem 29 anos e nunca sentiu desejo de fazer sexo. Nem hétero, nem homo. Ao falar sobre sua falta de interesse, Jay já enfrentou de tudo: recebeu olhares incrédulos, ouviu palavras de reprovação e piadas de mau gosto. E decidiu criar, em 2001, uma associação para reunir quem, como ele, não entende por que as pessoas se interessam tanto por sexo. Chama-se a Aven (Asexual Visibility and Education Network). 

Em entrevistas para rádios, TVs, jornais, Jay explica que a assexualidade não vem de um trauma, e que muita gente se sente perfeitamente feliz trocando beijos e carinho – e não mais do que isso. Jay diz que não há uma definição oficial de assexualidade e que tudo depende da experiência subjetiva do indivíduo. “Há coisas que faço, e que amo fazer, que outras pessoas classificarão como sexuais.” Ele gosta de carinho, por exemplo, e “aprendeu” a gostar de beijar. Mas qualquer carícia que se aproxime dos genitais não faz sentido para ele. Dá a ele uma sensação estranha, e não prazer.

A experiência de Jay com o sexo – ou com a falta dele – é uma das histórias narradas pela diretora Angela Tucker em seu documentário (A)sexual, que está participando de festivais nos Estados Unidos. Angela entrevistou diversas pessoas que se identificam como “assexuais” para entender seu comportamento – mas acaba fazendo todos refletirem sobre sua sexualidade e seu tipo de relações.

Uma das perguntas interessantes do documentário é sobre a diferença entre amizade e relacionamento. Jay questiona a ideia de intimidade que temos hoje: “A linguagem que usamos para falar sobre intimidade em nossa cultura é profundamente sexualizada. Para muitas pessoas ‘sexuais’, especialmente para as heterossexuais, há uma imagem de como a intimidade tem que ser e de que forma se deve conectar com as outras pessoas. Muito disso é baseado na ideia de que você tem que formar uma conexão realmente íntima com uma pessoa e isso deve durar a vida toda e envolver sexo.”

Para ele, é possível criar intimidade sem depender do sexo. “O sexo é um instrumento deficiente, uma maneira de monitorar e controlar a intimidade sem que as pessoas realmente precisem ir fundo no que faz a intimidade acontecer. O poder do sexo é fundamentalmente frágil.” O que ele quer dizer, com alguma razão, é que “usamos o sexo como atalho para a intimidade”, como afirma o artigo da Salon sobre o documentário. E, muitas vezes, esse atalho não leva a lugar nenhum, apenas a relações rasas, vazias.

E você já parou para refletir o papel do sexo nas suas relações? Já tentou imaginar como seria uma vida sem sexo?

Por Letícia Sorg

Artigo da Salon sobre o documentário
What asexuals reveal about sex 

 Documentário
 Asexuality: The Making of A Movement Trailer

domingo, 11 de setembro de 2011

Informativo - 11 set 2011

Ansiosos demais

Sentir ansiedade é natural - e até necessário. Mas há casos em que ela se torna um sério problema de saúde

por Maria Júlia Lledó



Reação natural e necessária à preservação da espécie, é a ansiedade que reforça nossa atenção frente a qualquer perigo. Por causa dela, tomamos cuidado redobrado ao atravessar um beco escuro ou ao dirigir na estrada. Ela também se faz presente um dia antes daquela prova importante, no dia do seu casamento ou no nascimento do filho. No entanto, a sensação que cada vez mais homens e mulheres de diferentes idades experimentam nada tem a ver com a ansiedade que sopra um inocente frio na barriga. Sudorese, taquicardia, tremores, calafrios, sensação de falta de ar, tontura e vertigem são alguns sinais de alerta para outro tipo de ansiedade: a patológica.

“O que nos dá indícios de patologia é quando a ansiedade deixa de ser funcional e passa a prejudicar a vida de alguém. É quando a pessoa está segura em casa, mas sente um medo exagerado só de pensar em sair para a rua. Nesse momento, o corpo emite sintomas (como os descritos acima)”, explica a psicóloga Cristina Moura. As causas para que a ansiedade tome grande proporção são diversas e bem particulares. O estresse, provocado pelo excesso de tarefas e/ou a má distribuição das horas destinadas ao trabalho e ao lazer, é apenas um dos fatores que podem transformar uma ansiedade normal em patológica.

No consultório da psicóloga Carolina Freitas, queixas quanto a relações afetivas, profissionais e sexuais têm contribuído para um quadro elevado de pacientes que sofrem por causa de ansiedade. “Como hoje os laços entre as pessoas estão menos estáveis, elas vivem mais sozinhas e distantes. A rede de apoio se tornou muito fluida, o que tem provocado mais ansiedade”, observa. Outro ponto que merece atenção, segundo a especialista, é a velocidade da rotina. “Tudo tem de ser para ontem. As pessoas estão priorizando a vida profissional em detrimento do cuidado consigo. Trabalha-se, ganha-se dinheiro, mas não há tempo para estar com amigos e familiares, nem de praticar uma atividade física ou alimentar-se de forma saudável.”

Nesses casos, é possível que a ansiedade exacerbada conduza o indivíduo à impotência diante de atividades antes consideradas por ele mesmo corriqueiras. Sendo assim, há necessidade de tratamento psicológico e até psiquiátrico. “A ansiedade patológica pode provocar transtornos (veja quadro) que impossibilitam a pessoa de ‘funcionar’, seja no trabalho, em casa ou nas relações sociais. Por isso, deve-se levar em consideração não só o acompanhamento terapêutico como também, em alguns casos, o uso de medicação com base num diagnóstico", enfatiza a médica psiquiatra Cláudia Guimarães.

Investir em qualidade de vida, autoconhecimento, meditação e outras ferramentas que possam ajudar na compreensão dos fatores que provocam ansiedade são imprescindíveis para a saúde. Mas não espere uma solução miraculosa. Não é possível acabar com a ansiedade nossa de todo dia. “Não há como eliminar a ansiedade completamente, mas há como torná-la não incapacitante. O primeiro passo é entender o papel da ansiedade na sua vida. Essa compreensão ajudará na superação da ansiedade e não na sua eliminação. Até porque num grau ‘normal’, a ansiedade é necessária ao ser humano”, tranquiliza a psicóloga Carolina Freitas.

Faça-se a luz
No começo do ano, pesquisadores da Universidade de Stanford (Estados Unidos) usaram a luz como tratamento para distúrbios relacionados à ansiedade. Na pesquisa, publicada em março pela National Science Foundation, a equipe de cientistas liderada pelo professor de psiquiatria Karl Deisseroth identificou duas vias principais do cérebro: uma que promove e outra que alivia a ansiedade. Ambas estão em uma região chamada amígdala, que, segundo estudos prévios, tem papel no desenvolvimento e no controle da ansiedade. O trabalho desenvolvido pela equipe de Deisseroth usa uma ferramenta chamada Optogenetics, que combina genética e ciência óptica para manipular seletivamente a forma como um neurônio é acionado no cérebro. Dessa forma, os cientistas podem manipular geneticamente neurônios específicos para montar uma proteína ativada pela luz, normalmente encontrada em algas e bactérias. Quando acionadas por certos comprimentos de onda de luz, essas proteínas permitem que os pesquisadores aumentem ou diminuam a atividade neuronal do cérebro e observem os efeitos desse processo em cobaias. Segundo Karl Deisseroth, a partir do entendimento de como a amígdala influencia na ansiedade, pode-se desenvolver tratamentos mais eficazes.

Saiba mais
Conheça alguns transtornos de ansiedade, segundo a classificação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. A psicóloga Carolina Freitas também sugere filmes que podem exemplificar cada caso.

- Transtorno de pânico: pode ser descrito pela ocorrência espontânea e inesperada de ataques de pânico, caracterizados por intensa ansiedade ou medo acompanhados de sintomas somáticos (taquicardia, dispneia, sudorese e palpitações são os mais comuns) com duração breve (geralmente menos de uma hora). Os sintomas mentais principais são: extremo medo, sensação de morte e/ou catástrofe iminente, medo de perder o controle, sendo o paciente incapaz de indicar a fonte de seus temores.
Filme: Alguém tem que ceder (Nancy Meyers, EUA, 2003)

- Fobia social: caracteriza-se por um medo excessivo de humilhação ou embaraço em vários contextos sociais, como falar em público, comer em restaurantes, usar toalete público, entre outros. A exposição à situação social ou de desempenho provoca uma resposta de ansiedade no indivíduo, podendo chegar também a ataques de pânico.
Filme: Sonhos de um sedutor (Herbert Ross, EUA, 1972)

- Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): primeiramente, é importante entender que as obsessões são pensamentos, ideias ou imagens persistentes vivenciados como inadequados, causando acentuada ansiedade ou sofrimento no paciente. Compulsões, por sua vez, são comportamentos repetitivos, estandartizados e recorrentes, cujo objetivo é prevenir ou reduzir a ansiedade gerada pelas obsessões. Assim, as obsessões aumentam a ansiedade do indivíduo, enquanto a execução das compulsões reduz essa ansiedade. Exemplo: obsessão de contaminação seguida de lavagem compulsiva das mãos ou obsessão de dúvida seguida de compulsão de verificação.
Filme: Melhor é impossível (James L. Brooks, EUA, 1997)

- Transtorno de estresse pós-traumático: para ser classificado como portador desse transtorno, o paciente deve ter vivenciado um estresse emocional tão importante que seria traumático para qualquer indivíduo. Esses traumas incluem experiências de combate, catástrofes naturais, agressão física, estupro, acidentes graves, entre outros. O transtorno de estresse pós-traumático caracteriza-se por reviver o trauma por meio de sonhos e de pensamentos durante a vigília.
Filme: Nascido em 4 de julho (Oliver Stone, EUA, 1989)

Associação Americana de Psiquiatria, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Porto Alegre, Ed. Artes Médicas Sul, 1995

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

“Antibullying - Uma nova estratégia para aprender e prevenir”

PROFESSOR LANÇA LIVRO PROPONDO JOGO COMO ESTRATÉGIA ANTIBULLYING
 
Novo livro de jornalista e filósofo traz jogo de tabuleiro para tratar do bullying
Por : Hélio Filho

O bullying é um fenômeno mundial e tem atingido todas as classes e sexos, principalmente as minorias sexuais como os LGBT. Como uma tentativa de esclarecer um pouco o caminho para uma solução para o problema, o professor, filósofo e jornalista Silvio Costta está lançando “Antibullying - Uma nova estratégia para aprender e prevenir”.

A obra é um guia prático e simples que traz uma série de dicas para pais e educadores sobre como abordar e solucionar a questão. Entre as soluções propostas por Silvio com base em sua experiência como educador está a observação de seus praticantes e vítimas, com o uso constante do diálogo como ponto essencial para desatar esse nó. 

O livro vem ainda com um jogo de tabuleiro que traz como cenário os espaços mais comuns de uma escola onde os casos de bullying costumam acontecer. O jogo cria situações para que o jogador possa refletir tomando o lugar dos principais papéis dentro do fenômeno bullying: vítima, agressor e espectador.

Silvio Costta é formado em Jornalismo, licenciado e pós-graduado em Filosofia e professor da disciplina em redes particular e estadual. Ele atua na área de arte-educação há 17 como ator profissional, contador de histórias e músico, e dá cursos e palestras para crianças, pais e professores.

“Antibullying - Uma nova estratégia para aprender e prevenir”
Silvio Costta
Edições Paulinas
40 páginas



Fonte: http://mixbrasil.uol.com.br
Em: http://claudiopozzatti.zip.net/