terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Informativo 31 jan 12


- Opinião -

Para compreender os/as trans
por Carolina Gonçalves de Freitas

Há muito equívoco entre os termos Transgênero, Transexual e Travesti. A diversidade conceitual contribui para tanta confusão. É importante ter conhecimento para respeitar.

Um dos pilares da sexualidade humana é a identidade sexual (seguida pelo gênero, papel sexual e orientação sexual). A identidade sexual corresponde a como a pessoa se percebe sexualmente – homem ou mulher.

No caso dos transexuais a identidade sexual não corresponde ao sexo biológico. Ou seja, o homem, com os órgãos sexuais masculinos, sente-se uma mulher. Uma mulher no corpo de um homem. A mulher, com os órgãos sexuais femininos, sente-se um homem. Um homem no corpo de uma mulher. São os transexuais que anseiam por uma mudança de sexo e procuram pela cirurgia sexual. Não tem relação direta com a homossexualidade (orientação sexual). O transexual pode ser tanto heterossexual, homossexual ou bissexual.

O travesti (crossdresser) veste roupas e assessórios associados ao sexo oposto. Está ligado ao comportamento (papel sexual). Vivem parte do dia ou até mesmo o dia a dia como sendo do sexo oposto. Muitos mudam seus nomes, corte de cabelo, modos e trejeitos, timbre de voz de acordo com o sexo almejado. Alguns chegam a usar hormônios, realizar cirurgias plásticas, como o silicone nas mamas e nádegas, mas não há o desejo de mudar de sexo. Não anseiam nem procuram pela cirurgia sexual. As razões variam desde vivenciar a faceta masculina (no caso das mulheres) ou feminina (no caso dos homens), motivos profissionais (por exemplo, o/a transformista) e também para obter gratificação sexual. O travestismo também não tem relação direta com a homossexualidade (orientação sexual). O travesti pode ser tanto heterossexual, homossexual ou bissexual.

Já o termo transgênero é uma criação social para englobar os tras – travesti e transexual, dentre outras variações de gênero. O prefixo tras pode ser definido por “além de”, “através de”. A ideia é definir as pessoas que estão em trânsito entre os gêneros (masculino e feminino). Para além do feminino. Para além do masculino.

- Notícias -  
 
Polêmica com cartunista aquece discussão sobre direitos do público trans

A polêmica envolvendo o cartunista Laerte Coutinho, que se assume transgênero e foi impedido de usar o banheiro feminino, continua sendo destaque nos veículos de comunicação e aquece a discussão sobre os direitos desse público.

Na manhã desta segunda-feira, 30, um dia depois da data em que se comemora nacionalmente a Visibilidade das Travestis e Transexuais, o jornal da Rede Globo Bom Dia Brasil exibiu uma reportagem sobre o caso.

No dia 26, Laerte, que é adepto ao cross-dressing (pessoa que usa roupa ou acessórios do sexo oposto) estava no banheiro feminino de um restaurante quando uma cliente o viu, se sentiu constrangida e reclamou ao proprietário. O dono do estabelecimento pediu que o cartunista usasse o banheiro masculino. 

“Não é bandeira ou causa. É a minha vida, é a minha vida e eu vou lutar por ela. Vou fazer valer meus direitos”, afirmou Laerte à reportagem do Bom Dia Brasil.

Segundo a presidente da comissão de combate à homofobia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Adriana Galvão, a lei não fala em banheiros para transexuais, mas diz claramente que o direito de gênero da pessoa deve ser respeitado.

Fonte: Redação da Agência de Notícias da Aids- http://www.agenciaaids.com.br/noticias/interna.php?id=18469

Cartunista que se veste de mulher quer usar o banheiro feminino

A polêmica surgiu na semana passada, depois que o cartunista Laerte usou o banheiro feminino de um restaurante e foi 'flagrado' por uma cliente.

A questão é delicada e tem causado uma polêmica danada. Em São Paulo, um cartunista que se sente e se veste como mulher quer ter o direito de usar o banheiro feminino. Casos iguais começam a se repetir em todo o Brasil.

Um caso parecido já havia acontecido no Rio de Janeiro. Agora foi o São Paulo. Uma mulher se sentiu constrangida ao ver o cartunista Laerte Coutinho, que se assumiu como transexual, no banheiro feminino de um restaurante. Ela reclamou com o dono do lugar, que chamou a atenção do cartunista. A partir daí começou a discussão.

O autor de quadrinhos levou 57 anos para sair do armário e agora quer entrar no banheiro. “No banheiro feminino”, comentou o cartunista Laerte Coutinho.

Há mais de um ano, desde que ele assumiu publicamente a vontade de se vestir de mulher, os olhos se arregalam, mas nunca ninguém tinha reclamado. A polêmica surgiu na semana passada, depois que o cartunista usou o banheiro feminino de um restaurante e foi, digamos, flagrado por uma cliente. “Ela alegou que eu sou homem e preciso usar o banheiro de homem”, comentou o cartunista.

O gerente do restaurante fez o mesmo pedido. Só que Laerte usava maquiagem, roupas femininas e não se sentia à vontade no banheiro dos homens. “Eu sou uma pessoa transgênera e quero usar o banheiro feminino”, defende Laerte Coutinho.

O cartunista já foi casado, tem dois filhos e uma namorada. Sim, namorada. Ele se define ao mesmo tempo como travesti e bissexual. “Essas mulheres não podem se sentir constrangidas pelo fato de você ter atração por mulher também?”, pergunta o repórter. “Não importa. Como é que elas se sentiriam com uma lésbica dentro do banheiro?”, rebate o cartunista.

Laerte Coutinho compara a luta dos travestis de hoje com a luta histórica dos negros americanos por direitos civis. “Nos Estados Unidos, na década de 1960, teve de vir a força federal. Teve de a guarda nacional garantir o direito de crianças negras entrar na escola”, citou o cartunista.

Ainda que o assunto seja incômodo para muita gente, as questões exigidas pelo cartunista Laerte são cada vez mais levadas a sério no Brasil. Já existem leis estaduais prevendo até o fechamento de estabelecimentos comerciais que promovam algum tipo de discriminação.

Na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), discute-se – com ânimos exaltados, obviamente – um estatuto que, se aprovado na OAB e depois no Congresso em Brasília, ampliaria os direitos de travestis e transexuais país. Eles poderiam, por exemplo, usar o banheiro feminino em qualquer lugar do país. Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), um caso parecido levou a direção a liberar o banheiro feminino para os transexuais.

Depois do incidente, o cartunista procurou a Secretaria de Justiça de São Paulo e foi orientado a exigir o que considera serem os direitos dele. Não vai entrar na Justiça, porque não considera que houve dano moral.
“Não é bandeira ou causa. É a minha vida, é a minha vida e eu vou lutar por ela. Vou fazer valer meus direitos”, afirmou Laerte Coutinho.

Em uma charge de Laerte, o personagem Hugo tem um alterego chamado Muriel, que é travesti. Hugo faz de tudo para esconder Muriel no armário. Impossível! O lado masculino do artista é que foi parcialmente trancado. “Entrar no banheiro é sopa perto de sair do armário”, brinca Laerte.

Laerte não pensa em mudança de sexo nem de nome. “Você tem um nome feminino?”, pergunta o repórter. “Eu tenho. É Sonia, mas é mais para o circuito dos clubes e fóruns que eu frequento. Eu uso Laerte mesmo”, comenta.

O cartunista pretende brigar pelo direito de ser Hugo ou Muriel no banheiro que bem entender.

Segundo a presidente da comissão de combate à homofobia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Adriana Galvão, a lei não fala em banheiros para transexuais, mas diz claramente que o direito de gênero da pessoa deve ser respeitado.


domingo, 22 de janeiro de 2012

Informativo 22 jan 12


Aborto é mais frequente em países onde é proibido, aponta estudo

Por Patrícia Moterani

A polêmica discussão sobre a legalização ou não do aborto acaba de ganhar mais um elemento. Em estudo divulgado nesta quinta-feira (19) pela revista inglesa Lancet, uma das publicações médicas mais influentes do mundo, pesquisadores recrutados pela Organização Mundial da Saúde comprovam que a taxa de aborto é maior nos países onde a prática é proibida e quase metade de todos os abortos feitos no mundo é realizada com altos riscos à mulher.

Os dados analisados dizem respeito ao período entre 2003 e 2008. Embora a taxa de aborto no mundo – cerca de 28 a cada mil mulheres de idades entre 15 e 44 anos – tenha ficado praticamente estável em relação a 1995, data da último estudo, o número de mortes e outras complicações sérias por conta da prática aumentou: cerca de 47 mil mulheres morreram e outros 8,5 milhões tiveram consequências graves de saúde. “O aborto é um procedimento muito simples. Todas essas mortes e complicações poderiam ter sido facilmente evitadas”, diz Gilda Sedgh, pesquisadora-sênior do Instituto norte-americano Guttmacher, autora do estudo.

Embora tenham indícios que apontam esta conclusão, os pesquisadores não dizem assertivamente que leis mais liberais ajudaram na estabilização desse número. Mas afirmam que em países onde há planejamento familiar e políticas de controle de natalidade houve menos gravidez indesejada e, consequentemente, menos abortos. Quase todas as interrupções propositais de gravidez realizadas de maneira insegura aconteceram em países em desenvolvimento, na América Latina e África, onde o aborto é proibido em boa parte dos países e as políticas de planejamento familiar e controle de natalidade não avançaram.

Fonte: http://colunas.revistamarieclaire.globo.com/mulheresdomundo

Satisfação sexual feminina aumenta com a idade, diz pesquisa

Por Juliana Vines

A maioria das mulheres com mais de 60 anos está satisfeita com sua vida sexual, segundo estudo americano publicado nesta semana. E mesmo aquelas que declararam não praticar sexo também se dizem satisfeitas.

O trabalho analisou 806 questionários de mulheres com em média 67 anos. Foram feitas perguntas sobre atividade sexual, reposição hormonal, dor, lubrificação, desejo sexual e orgasmo durante a relação.

"Embora existam pesquisas sobre satisfação sexual, poucos estudos falam sobre idosas", escrevem os autores do artigo, pesquisadores da Universidade da Califórnia e da San Diego School of Medicine. O estudo foi publicado na revista "The American Journal of Medicine".
Do total de voluntárias, metade (49,8%) disse ter feito sexo no último mês. A maioria (64,5%) declarou ficar excitada, 64,5% disseram ter lubrificação normal e 67,1% afirmaram que têm orgasmo.

"No geral, dois terços das que eram sexualmente ativas estavam satisfeitas, assim como metade das sexualmente inativas." Para a surpresa dos pesquisadores, as mulheres mais velhas do estudo (com mais de 80 anos) relataram maior satisfação.

Por outro lado, 40% de todas as voluntárias disseram que nunca ou quase nunca sentem desejo sexual. Segundo Elizabeth Barrett-Connor, médica e pesquisadora da Universidade da Califórnia, esse resultado sugere que o desejo não é essencial para que a relação sexual aconteça. "Elas podem se envolver em uma atividade sexual por múltiplas razões, como a manutenção de um relacionamento", disse a pesquisadora para o site de divulgação científica EurekAlert!.

Outra conclusão do trabalho é que a relação sexual nem sempre é necessária para a satisfação. Aquelas que são sexualmente inativas podem conseguir se satisfazer só com a intimidade do relacionamento ou com a masturbação.

Para o psicoterapeuta sexual Oswaldo Martins Rodrigues Júnior, diretor do Instituto Paulista de Sexualidade, várias pesquisas já demonstraram que, muitas vezes, o mais importante para as mulheres é a troca de afeto e a proximidade com o parceiro. "Nem sempre para se satisfazer é preciso ter orgasmo."

Ele aponta, porém, dois problemas de metodologia na pesquisa americana: a dificuldade de saber o que é satisfação e o fato de as perguntas se referirem apenas às últimas quatro semanas. "O questionário acaba sendo limitado. A satisfação envolve muitos aspectos subjetivos."

De acordo com o psicólogo, o lado bom do estudo é que dá para perceber que essas mulheres estão mais dispostas a comentar sobre o tema. "Elas estão se sentindo mais livres para falar de assuntos delicados como orgasmo e lubrificação. Isso é sinal de uma mudança cultural. Há 30 anos, mulheres dessa idade dificilmente falariam sobre isso."

Segundo ele, não tem como saber se o que elas estão falando é o que realmente acontece. "Elas demonstraram um esforço para mostrar que estão satisfeitas. Isso pode ser verdade como pode ser uma forma de autoafirmação, para expressar o contrário de uma ideia que elas mesmo tinham sobre mulheres mais velhas."

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude