Livro:
Albuquerque, F. F. e Jannelli, M. (1994) A Princesa. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira.
A PRINCESA
por Carolina Freitas
“As mulheres de um lado, os homens de outro. E eu?”
Do relato de um travesti brasileiro e na voz de um ex-terrorista italiano, diretamente da prisão em Roma, nasce A Princesa, a curiosa soma de três sexos. Duas pessoas que se perderam na noção de tempo e futuro, mas sobrevivem ao caos através dos relatos e escritos.
Das calçadas brasileiras às calçadas da Europa, Fernanda nos mostra sua “tragédia de mulher aprisionada dentro do corpo de um homem”. E, também, como construiu sua identidade e corpo femininos.
Ao entrar no mundo dos travestis nos fica a confusão entre quem é o travesti e quem é o transexual. O transexual difere do travesti no sentimento de identidade, ou seja, o transexual sente-se sendo do outro sexo, aprisionado em um corpo que não te pertence, por isso a solicitação da mudança do corpo. Fernanda dizia sentir-se mulher desde sempre, desde pequena sentia-se assim. Já o travesti sente-se homem. E, difere também quanto a importância do pênis, para o transexual não passa de um pedaço de carne odioso, o travesti usa-o no prazer.
Podemos então definir o travesti como o indivíduo que se veste de acordo com o sexo oposto, mas sem desejo de alteração sexual. Pode ser uma fase anterior ao transexualismo. O transexual tem o distúrbio de identidade de gênero, ou seja, sente-se sendo do sexo oposto.
Fernanda relata uma relação estreita com sua mãe e um pai inexistente. Ela sofreu abuso, participou de “brincadeiras de crianças”, levou surras que a fizeram fugir de casa e entrar no mundo da prostituição, não se sabe se para sobreviver ou se porque assim gostava. “ Eu sou puta, é essa a questão”, diz ela. Tendo sempre cúmplices em suas relações.
Por fim, o livro relata uma busca pela completude e mostra o que os travestis e os transexuais realmente querem: serem (re)conhecidos como seres humanos!
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