sexta-feira, 27 de abril de 2012

Informativo 27 abril 12

Flórida faz campanha com vovós e Kama Sutra

"Safe Sex 4 Seniors"

Imagine a sua avó fazendo sexo. Deu nojinho? Pois saiba que amor carnal na terceira idade não é mais raridade. Com o aumento da expectativa de vida, a criação de drogas como o Viagra e o prolongamento da atuação profissional, muitas vovós e vovôs são tão ativos sexualmente quanto seus filhos ou netos.
 
Uma das consequências disso, infelizmente, é o crescimento do número de pessoas da chamada terceira idade com doenças sexualmente transmissíveis. Na Flórida, estado americano conhecido por atrair vovôs e vovós devido ao seu clima ameno, a incidência de DSTs cresceu em 71% nos últimos cinco anos nesta faixa etária. Muitos idosos não usam preservativos porque não precisam mais se preocupar com métodos anticoncepcionais.
 

Para evitar que os números continuem subindo, o governo da Flórida decidiu fazer uma campanha de prevenção, com direito a vídeo e site. Mas no lugar de investir em uma abordagem negativa, baseada nos estragos que as doenças transmitidas sexualmente podem causar, a agência de publicidade DDB, responsável pela campanha, decidiu apelar para o humor.
 

No vídeo “Safe Sex 4 Seniors”(“Sexo seguro para idosos”, em tradução do inglês), são mostrados durante trinta segundos vovôs e vovós praticando as posições mais malucas do Kama Sutra (eles usam roupas no filminho, ufa!). O slogan é “Existem muitos jeitos de fazer (sexo), mas apenas um de fazer de forma segura. Use uma camisinha.”
 

No site, é possível baixar cartazes da campanha, e ter acesso a dicas de prevenção. Muitas são bonitinhas, como a seção que dá dicas de como conversar com o parceiro(a) sobre o uso de camisinha. Algumas frases de efeito sugeridas são “Vou comprar camisinhas. Você prefere algum tipo em especial?”, “Sua camisinha ou minha?” e “Quantas camisinhas você acha que precisaremos esta noite?”.
 

Apesar do humor e do vídeo criativo, algumas pessoas estão reclamando sobre o tom da campanha, pois acham que ela tira o foco do problema das DSTs ao mostrar um conteúdo tão “quente”. Eu discordo. Acredito que quebrar tabus (como o sexo na terceira idade) é um ótimo jeito de incentivar conversas sobre sexo, que acabam por gerar mais conhecimento e prevenção.

Margarida Telles é repórter de ÉPOCA em São Paulo.
Fonte: http://colunas.revistaepoca.globo.com




quarta-feira, 11 de abril de 2012

STF julga nesta quarta se libera o aborto de fetos sem cérebro

STF julga nesta quarta se libera o aborto de fetos sem cérebro
Como não há lei específica, alguns juízes liberam e outros vetam o aborto.
Decisão do STF deve uniformizar o entendimento até que lei seja aprovada.

 

Rosanne D'Agostino e Tahiane Stochero * Do G1, em São Paulo
 

O Supremo Tribunal Federal (STF) julga a partir das 9h desta quarta-feira (11) pedido para que a interrupção da gravidez de anencéfalo (feto sem cérebro) não seja considerada crime.
 

Pelo Código Penal, o aborto é crime em todos os casos, exceto se houver estupro ou risco de morte da mãe. Como o texto não trata de anencefalia, há anos juízes e tribunais têm decidido caso a caso sobre a interrupção da gravidez, em muitos deles, concedendo os pedidos. Em outros, a ação perdeu o objeto em razão da demora – quando o processo chegava às mãos do juiz, o parto já havia ocorrido.
 

Foram tantos casos que a controvérsia acabou chegando ao Supremo. O tipo de ação é uma arguição de descumprimento de preceito fundamental (utilizada para fazer valer um princípio da Constituição), apresentada em 2004 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde. Para a confederação, impedir o aborto nesses casos fere uma garantia fundamental: a dignidade da mãe.
 

A decisão do Supremo deve uniformizar o entendimento dos tribunais, porém, pode não resolver o problema.
 

Para que o aborto seja totalmente permitido nos casos de anencefalia, e o procedimento não tenha que esperar por uma decisão judicial em cada caso, o Congresso teria de aprovar uma lei descriminalizando o aborto de anencéfalos. Atualmente, tramitam no Congresso duas propostas relacionadas ao tema, e nenhuma tem previsão para ser votada.
 

Entraves
 

Autor de um dos projetos, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) acredita que a interferência de setores religiosos prejudicou o Congresso brasileiro a aprovar até hoje uma legislação sobre o tema. Na avaliação dele, a decisão do STF irá "fazer perder o objetivo das leis", gerando uma jurisprudência sobre a questão.
 

“Se não temos uma legislação ainda sobre o tema, e o STF tem que julgar a questão, não foi por falta de iniciativa. Eu apresentei em 2000 um projeto que não andou por pressões e lobby de diversos setores religiosos", critica. "Eu sou médico, ginecologista e obstreta e, em 14 anos de profissão, nunca vi um anencéfalo sobreviver a mais de 48 horas após o nascimento."
 

Ainda conforme o senador, "a lei já prevê o aborto em caso de estupro e de risco para a mãe". "Só estamos para o caso de anencéfalos, em que também há riscos", defende.
 

“Os projetos estão parados não é porque são polêmicos, é porque a tramitação na Casa é cheia de obstáculos”, afirma o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ), que integra a bancada evangélica no Congresso. “Tem projetos de dez anos que não saem do lugar e outras questões polêmicas que foram votadas. Tanto que estou propondo mudança no regimento da Casa.”
 

Quem legisla?
 

Para o deputado, a lei é clara ao proibir o aborto nesse tipo de caso, e, para ele, juízes que decidem o contrário estão desrespeitando o Código Penal.  “Então eu temo que o Supremo, mais uma vez, vai legislar e, incorrendo, creio eu, em desrespeito à Constituição, eles devem permitir o aborto”, afirma.
 

“Não posso falar pela bancada, mas os anencéfalos, na minha opinião, se for permitido interromper a gravidez, vai abrir um leque de outras opções. Amanhã vai ser possível identificar uma criança com Síndrome de Down e outras deficiências. E essas crianças? Serão abortadas também?”, questiona Garotinho.
 

Eros Biondini (PTB-MG), um dos coordenadores da bancada católica, afirma que "a morosidade tem tirado do Congresso a prerrogativa de legislar". "Ainda que não seja intencional, essas decisões (do STF) têm sido tomadas com o intuito de resolver um problema, mas são ações legislativas."
 

O deputado afirma ser totalmente contra o aborto de qualquer tipo e que, "além de legislar, o Supremo está alterando a Constituição". "É verdade que há um embate nas Casas que acaba por realmente arquivar esses projetos abortistas, mas a morosidade é geral", diz.
 

Já a deputada Jandira Feghali, autora do único projeto que tramita na Câmara sobre o tema, "lamenta" a demora do Congresso em legislar sobre a questão.
 

"Eu sempre lamento o retardamento dessas decisões porque isso impacta na vida das pessoas. Minha proposta é de 2004. Na Comissão de Seguridade Social e Família tramitou rápido, mas está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) desde 2005", explica ela.
 

"A mobilização de diversos pensamentos filosóficos e religiosos sempre retarda uma decisão e isso é lamentável. O projeto de lei não é para obrigar (o aborto de anencéfalos), mas apenas ampliar direitos e opções da mãe", defende. "O que queremos é descriminalizar o aborto", diz ela, dando o direito à gestante de um anencéfalo de escolher se quer ou não interromper a gravidez.
 

Novo Código Penal
 

Para o procurador regional da República da 3ª Região Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, a aprovação do novo Código Penal resolve o problema.
 

Relator do anteprojeto da reforma do código, ele afirma que o texto deve descriminalizar o aborto quando for comprovada a anencefalia ou a existência de doenças graves e anomalias incuráveis no feto, que inviabilizem a vida.
 

Gonçalves vê como “natural” a resistência de bancadas religiosas à polêmica. “Numa questão como esta, diversas opiniões filosóficas ou religiosas têm legitimidade. Mas a antecipação do parto é vista como um procedimento médico e não ético”, diz.
 

Segundo o procurador, o objetivo da mudança é deixar que a mãe tenha liberdade para tomar a decisão de levar a gravidez adiante nesses casos.
 

“Estamos propondo que não seja crime a antecipação do parto nestes casos, entre eles quando o feto não tiver cérebro ou tiver alguma doença que impeça a vida extrauterina. A minha ênfase é que a mulher possa tomar a decisão caso queira continuar a gravidez, mas isso não pode ser uma coisa imposta. O estado não pode obrigar esta mulher que quer ser mãe que leve a gravidez até o fim, com as dores da gravidez e as alegrias do parto, se ela não quer”, afirma.
 

Definição
 

A chamada "anencefalia" é uma grave malformação fetal que resulta da falha de fechamento do "tubo neural" (a estrutura que dá origem ao cérebro e a medula espinhal), levando à ausência de cérebro, calota craniana e couro cabeludo. A junção desses problemas impede qualquer possibilidade de o bebê sobreviver, mesmo se chegar a nascer.
 

Estimativas médicas apontam para uma incidência de aproximadamente um caso a cada mil nascidos vivos no Brasil. Cerca de 50% dos fetos anencéfalos apresenta parada dos batimentos cardíacos fetais antes mesmo do parto, morrendo dentro do útero da gestante, de acordo com dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
 

Um pequeno percentual desses fetos apresenta batimentos cardíacos e movimentos respiratórios fora do útero, funções que podem persistir por algumas horas e, em raras situações, por mais de um dia.
 

Isso não significa possibilidade de sobrevida, explica o médico Olímpio Barbosa de Moraes Filho, presidente da comissão de assistência ao abortamento, parto e puerpério da Febrasgo. 
"Ele precisa do cérebro para comer, para respirar. Não há como respirar sem cérebro, por isso ele morre, no máximo, em algumas horas. A chance de sobrevivência é zero", diz Moraes Filho.
 

O diagnóstico pode ser dado com total precisão pelo exame de ultrassom e pode ser detectado em até três meses de gestação.
 

* Colaborou Camila Neumam, do G1, em São Paulo
 Fonte: http://g1.globo.com/

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Informativo 05 Abril 2012

Presenciar sexo dos pais retrai vida sexual adulta,
 diz herdeiro de Freud

Por Thaís Sabino
 
O casal se ama, se respeita e até se deseja, mas quando chega a hora da cama, algo como uma "força maior" impede um dos parceiros de se entregar totalmente. Existem grandes chances de este bloqueio sexual não ser causado por um problema físico ou hormonal, mas estar enraizado no inconsciente por um fato passado. "Foi algo que aconteceu na infância, poderia ser, por exemplo, alguma coisa comum, que acontece bastante: ouvir ou ver o ato sexual dos pais", disse o psicólogo e psicanalista Joseph Knobel Freud, sobrinho-neto de Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise.
 
A situação descrita por Knobel Freud não se refere apenas à fase da adolescência, mas pode acontecer já nos primeiros meses de vida do bebê. "Os pais pensam que isso (ter relações sexuais na presença do filho pequeno) não tem problema, mas é muito grave", alertou. O mais decorrente é a criança ser colocada no berço, no mesmo quarto dos pais, e presenciar a relação. "O bebê não compreende nada, ele escuta ou vê, mas não sabe o que os pais estão fazendo, se estão brigando ou sofrendo, ele não tem capacidade de entender", explicou.
 
Quando a criança participa como um "voyeur" da experiência sexual dos pais, um trauma é criado em relação ao sexo. "Pode causar uma repressão na vida sexual do adulto", acrescentou. Por isso, segundo Knobel Freud é essencial que o filho tenha um quarto que não seja o dos pais. "Outro dia, tive uma consulta de um casal em que a mulher se queixava que há mais de seis meses eles não transavam. O homem tinha visto seus pais tendo relacções, tinha associado a sexualidade a um ato da brutalidade, um ato horrível, não tinha entendido o que significava aquilo para os pais", exemplificou.
 
Não só o fato de ver e ouvir os pais na cama pode influenciar a vida sexual adulta, como qualquer coisa que a criança escute sobre o assunto. Segundo Knobel Freud, a sexualidade começa no dia do nascimento. Autor do livro Clínica Psicanalítica com Crianças, a formação infantil é a especialidade do psicanalista. Ele afirma que a criança passa por diversas etapas de sexualidade, desde a via oral até a fálica. "É a semente para a sexualidade adulta", disse.
 
Complexo de Édipo
 
Entre os numerosos acontecimentos durante a formação da sexualidade que interferem no futuro do indivíduo, está o complexo de Édipo. De uma maneira simplista à teoria de Freud sobre o tema, esta neurose trata-se do desejo sexual da filha pelo pai e do filho pela mãe. Quando este anseio não é inibido na infância, o adulto se desenvolve com bloqueios para se relacionar sexualmente com outras pessoas.
 
Existem comentários no círculo da psicanálise, segundo Knobel Freud, que colocam o relacionamento de Anna Freud com seu pai, Sigmund Freud, como um exemplo de complexo de Édipo. Devota e discípula do pai, Anna morreu virgem aos 87 anos de idade.
 
Abuso sexual
 
Sofrer violação sexual durante a infância é um dos causadores da retração nas relações entre homem e mulher na vida adulta, de acordo com Knobel Freud. Quando os abusos acontecem durante toda a infância, se o trauma não é tratado, existe uma grande chance de esta pessoa repetir o que sofreu com outras crianças. "Se não elabora a situação traumática, eles serão futuros pedófilos", afirmou Knobel.
 
A psicoterapia é fundamental nesses casos, segundo o profissional. "A psicoterapia reverte isso em pouco tempo", disse. Na conversa com o psicólogo ou psicanalista é possível descobrir o que está guardado no inconsciente do paciente que está causando este ou outro problema.
 
Outros fatores
 
O diretor do Instituto Paulista de Sexualidade, o psicoterapeuta Oswaldo Martins Rodrigues Junior, citou também as deformidades anatômicas e doenças crônicas como causas do bloqueio sexual, mas reforçou que os problemas de ordem emocional e psicológica agem com mais força neste sentido.
 
Como fatores precipitantes, ele lembrou a criança que sofre com a separação dos pais ou presencia uma vivência sexual humilhante. "Durante a infância e adolescência, os padrões de respostas sociais e emocionais são lapidados, esses padrões podem afetar a sexualidade adulta. Pode ocorrer a iniciação sexual com resultados emocionais negativos", disse ele.
 
Um desenvolvimento diante a conflitos de relacionamento e falta de privacidade também contribui para a retração sexual adulta. "A autoerotização da infância à vida adulta permite que a pessoa conheça as possibilidades e limitações do corpo, e como o corpo estimulado permite excitação sexual. Portanto, pessoas que não tiveram experiências de autoerotização terão mais possibilidades de viver problemas sexuais", afirmou Rodrigues Junior.
 
O psicoterapeuta reforçou que as características de personalidade influenciam diretamente na forma como a pessoa enfrenta as dificuldades do cotidiano. Por isso, fatos podem ou não provocar uma dificuldade na vida sexual de um ou outro adulto.
 
http://mulher.terra.com.br